O ex-vespertino e o decano à procura da sobrevivência
O diário A Capital esteve em risco de fechar em 1999, quando saiu da esfera do grupo Balsemão. António Matos, o director, tornou-se proprietário. Poucos acreditavam na sobrevivência do título. Mas o jornalista negociaria, no ano seguinte, a venda do diário ao grupo Prensa Ibérica.
Dessa altura data a decisão de passar o título de vespertino a matutino. "Um vespertino é como ter uma loja de pequenos-almoços que só abre à tarde", dizia então António Matos. Para muitos, o momento em que se acentua o declínio do jornal.
"Era impossível continuarmos a ser os únicos a sair à tarde, devido aos custos da distribuição", disse ao DN o director interino, Paulo Narigão Reis.
Em 2004, a entrada de Luís Osório marca uma nova etapa. Desde logo uma mudança a nível editorial, "que foi acordada com a administração. Não fazia sentido fazer um jornal regional na capital. Em Madrid também não há jornais regionais", disse o jornalista.
É um período marcado por nova quebra nas vendas, que baixaram 38% em 2004, caindo de 5841 para 3593 exemplares, segundo dados da APCT. O jornal ganhou notoriedade, mas isso não se traduziu na banca. Narigão Reis afirma que a quebra de vendas no jornal se deve sobretudo a falhas na distribuição e no marketing e não na qualidade efectiva do jornal.
"O jornal estava adormecido e Luís Osório animou a redacção". disse o jornalista, para quem as hipóteses de encerramento são "de 60 a 40%", com o número mais alto a servir o pior cenário.
decano.O Comércio do Porto é o jornal decano da imprensa portuguesa do Continente e uma instituição acarinhada pela cidade que, já em 1999 - data em que uma outra crise assolou aquele título -, se movimentou em prol da sua preservação.
A entrada do Grupo Editorial Prensa Ibérica n'O Comércio do Porto deu-se em 2001, altura em que procedeu à modernização das instalações e requalificou a produção, criando inclusive uma edição digital - inexistente até àquela data. A última remodelação gráfica ficou marcada pela substituição do logótipo do jornal.
Segundo dados da Associação Portuguesa para o Controlo de Tiragens, as vendas d'O Comércio do Porto caíram 3,7 por cento para 3794 exemplares nos primeiros três meses deste ano.