O DJ do momento

<div>Ele é o homem mais comercial da música do momento. Há cerca de um mês esteve em Portugal a gravar um vídeo, na praia da Trafaria. Senhoras e senhores: David Guetta.</div> <div> </div>
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Ele é hoje uma figura incontornável do panorama pop. Poucos como David Guetta criaram tantos êxitos em catadupa no último par de anos e são cada vez mais as grandes estrelas pop que recorrem ao produtor para este, como que por magia, criar sucessos instantâneos que não só têm conquistado as pistas de dança europeias, mas inclusivamente o competitivo mercado pop norte-americano. Dois anos depois de One Love (2009), o seu último trabalho, que vendeu mais de três milhões de álbuns e 12 milhões de singles em todo o mundo, David Guetta regressa com Nothing but the Beat (2011), álbum duplo em que se faz rodear de nomes como Usher, will.I.am (Black Eyed Peas), Timbaland, Nicki Minaj, Jennifer Hudson, Chris Brown, Snoop Dogg, Usher, entre outros.O sucesso com "I Gotta Feeling"Para se ter uma noção precisa do mediatismo do DJ francês, basta recordar que aquele que é o single mais vendido de sempre no mercado digital, I Gotta Feeling, dos norte-americanos Black Eyed Peas, contou com a produção de Guetta. A canção chegou a ser adoptada pela selecção portuguesa de futebol como um «hino não oficial». Foi este tema que juntou David Guetta aos Black Eyed Peas. E tudo através de um simples telefonema: «Um dia telefonei-lhe e disse "O meu nome é will.I.am, sou dos Black Eyed Peas, nós estamos a trabalhar num novo álbum e eu gostava de colaborar contigo".» O músico norte-americano esquecia-se por momentos que, afinal, já tinha colaborado com o produtor francês pouco antes, como este lhe lembrou: «Tu vieste ao meu DJ Set no Clube Pacha. Na altura passei-te o microfone, lembras-te? Logo, já colaborámos.» Pouco depois Guetta envia a will.I.am a primeira de muitas produções que viriam a trabalhar em parceria. Mas a primeira foi o êxito colossal I Gotta Feeling. Ainda em Agosto foram quase cinquenta mil pessoas que acorreram à Herdade da Casa Branca, na Zambujeira do Mar, onde se realiza anualmente o Festival Sudoeste, para ver e ouvir o homem que está a mudar os paradigmas da música pop. O músico aproveitou mesmo a sua estada em Portugal para gravar algumas imagens do seu próximo teledisco, para o single Without You (uma parceria com o cantor de r&b Usher), na praia da Fonte da Telha (local também em tempos escolhido pelos irlandeses U2 para um dos seus vídeos promocionais), que serviu de pano de fundo a uma viagem pelos cinco continentes. E sendo Portugal um país que acolhe a música de David Guetta há vários anos, este já confirmou que no próximo ano vai regressar para mais uma actuação no Festival Sudoeste (sendo o seu terceiro ano consecutivo).Os primeiros passosSe hoje, aos 43 anos de idade, o francês é responsável por algumas das canções mais ouvidas nas rádios, televisões, discotecas, a vontade de se dedicar por completo à música vem já de tenra idade, mais precisamente desde que tinha 11 anos. E mesmo que se tenha tornado profissional com apenas 17, o estatuto de grande estrela pop que hoje granjeia é relativamente recente, tendo em conta os muitos anos a que se dedica em exclusivo à sua música. A era de explosão de rádios piratas que a França conheceu entre o final dos anos 1970 e o início da década de oitenta foi fundamental para criar esta paixão em David Guetta pela música. Não foi através da família que esse desejo floresceu mas sim nas muitas tardes que passou com o ouvido pregado nas emissões piratas que na altura tiveram um grande peso na indústria radiofónica. Em casa o ambiente que se vivia era de uma família que privilegiava a intelectualidade, não a diversão: «A minha mãe era professora de Filosofia e o meu pai era sociólogo. Fui educado de uma maneira muito intelectual», contou recentemente ao jornal espanhol El País.Ainda assim, David Guetta não deixou de comprar os seus discos aos 14 anos. Depressa começou a trabalhar com o material que tinha na altura, passando discos sozinho em casa, fazendo as suas experiências ainda rudimentares. Do seu quarto passou para as festas amadoras em casa de amigos e quando deu por si era já DJ profissional, tinha apenas 17 anos. Se hoje são as estrelas pop norte-americanas que dominam o leque de convidados que elege para cada um dos seus trabalhos, este apelo aos EUA não é mera coincidência ou apenas uma estratégia de marketing, já que desde adolescente foi a música criada nos States que mais o fascinou e não tanto as canções de origem francesa. No entanto, ainda bateu à porta de muitas discotecas que lhe deram um redondo não. Se na altura imaginassem que aquele jovem loiro com vontade de passar música à noite viria a tornar-se a celebridade pop que hoje conhecemos, certamente teriam pensado duas vezes antes de lhe fecharem as portas.Em Paris, onde nasceu e foi criado, a única discoteca em que encontrou trabalhou foi a Broad, um clube especialmente direccionado ao público gay. «Eu não sou homossexual, mas o único clube onde consegui trabalho no início foi numa discoteca gay de Paris, o que me trouxe sorte porque desde sempre me interessei pela música norte-americana. Quando comecei a trabalhar lá, andei a investigar que tipo de música se ouvia nas discotecas gay dos EUA, e foi então que descobri a música house», revelou ao jornal espanhol. Se nesses primeiros tempos Guetta teve de bater à porta de muitas «casas» até encontrar uma que o recebesse, ainda assim não teve logo toda a liberdade criativa que ambicionava. Na altura, a década de oitenta, os DJ que passavam música nas discotecas tinham de se cingir à discografia do proprietário do clube, como lembrou o produtor ao El País: «O dono da discoteca é que tinha os discos e era ele quem decidia que músicas se iam ouvir nessa noite. O DJ era somente mais um empregado da casa.»Porém, David Guetta não se cingiu a estas limitações que o trabalho como DJ impunha e fez uma proposta ao chefe do Broad que viria a ditar o rumo que seguiu: «Pedi-lhe se podia passar música às segundas-feiras, que era o dia mais fraco. Disse-lhe mesmo "Não me pagues, mas deixa-me passar a minha música".» Apesar das reticências iniciais, depressa a aposta em David Guetta começou a dar frutos, diferenciando-se assim da maioria dos restantes clubes, o que permitiu ao DJ começar ganhar alguma notoriedade no roteiro de discotecas parisienses. «Trabalhava nas folgas dos DJ de cada clube. Às segundas-feiras na discoteca gay, às terças no Rex, às quartas no Les Bains...» Quando o DJ dá por si tem já alguns seguidores que de noite para noite acorrem aos diferentes clubes por onde Guetta vai passando. Ibiza e os primeiro êxitosSe a música house lhe abriu algumas portas na primeira discoteca onde trabalhou, foi também graças a uma lenda da house norte-americana, mais precisamente Robert Owens, que Guetta deu o primeiro passo num caminho que hoje é pautado pelos êxitos consecutivos que produz. Já no início da década de noventa conheceu o cantor Robert Owens e com ele gravou o tema Up and Away. Rapidamente o single ganhou reconhecimento nas pistas de dança europeias. Aliás, foi como DJ no circuito da música electrónica que David Guetta conheceu pela primeira vez o sabor do sucesso. Neste caminho foi fundamental a sua aposta em Ibiza, ilha espanhola com um forte mercado de discotecas e por onde é necessário passar qualquer DJ que queira chegar ao estrelato. No entanto, a concorrência é também bastante renhida e na altura o francês teve de utilizar toda a sua determinação para conseguir singrar. «Em 1995 andava pelas praias a distribuir folhetos de onde ia passar música. Na altura perguntavam-me quem era o DJ, ao que respondia: "Eu!" Riam-se de mim, porque praticamente só existiam promotores ingleses e os DJ eram quase todos americanos», contou ao El País. A persistência ajudou-o e ficaram na história recente da noite de Ibiza as festas protagonizadas pelo próprio, intituladas F*** Me, I"m Famous. A pouco e pouco, o DJ começa a aproximar-se das canções pop e um dos primeiros reflexos desta nova atitude foi a remistura que fez para o clássico Heroes, original de David Bowie, primeiro editada como bootleg e só mais tarde de forma oficial. O sucesso do tema só contribuiu para que hoje David Guetta seja este fenómeno em grande escala.Patamar popTudo mudou com o seu quarto álbum, One Love (2009). Com este trabalho David Guetta deixou de ser um nome que apenas esgotava discotecas por toda a Europa, elevando-o ao patamar da pop mainstream. Surpreendentemente, torna-se também um êxito no difícil mercado norte-americano. Certamente que contribuiu ter-se rodeado de algumas estrelas pop dos EUA, como por exemplo Kelly Rowland (ex-Destiny"s Child) no single When Love Takes Over, ou Akon, no tema Sexy Bitch (que entrou para o primeiro lugar de vendas em mais de dez países). Desde então tem-se focado na faceta de produtor, tendo trabalhado com cantoras pop com Rihanna ou Kelis, além do rapper Flo Rida. «Eu sei que o meu nome tem bastante peso actualmente, mas isto não se trata do meu ego ou de querer dividir receitas de vendas. O que eu ambiciono é fazer a melhor canção possível. Por isso respeito tanto os Black Eyed Peas. Eles queriam o meu som. O will.I.am é um produtor incrível, ele podia simplesmente ter dito "Agora vou copiar isto". Mas não, chamou-me e fizemos juntos canções como I Gotta a Feeling ou Rock that Body», disse ao The Guardian. Para o futuro tem em vista ainda uma possível colaboração com a rainha da pop, Madonna, no seu próximo álbum (depois de ter feito uma remistura do tema Revolver, graças à qual recebeu um Grammy), mas todo este mediatismo que o rodeia ainda não lhe tirou os pés do chão, pensando mesmo em abrandar o ritmo nos próximos anos para se dedicar à educação dos dois filhos, de 3 e 7 anos. Mas enquanto isso não acontece, o recente o álbum Nothing but the Beat vem cimentar o fenómeno mundial que é hoje David Guetta. O novo álbumEm Maio David Guetta revelou o primeiro tema deste Nothing but the Beat, o single Where Them Girls At, que se trata de uma parceria com dois rappers norte-americanos: Nicki Minaj e Flo Rida. Instantaneamente entra no Top 10 de vendas em 18 países. Novamente o músico provou que a sua receita que mistura produções electrónicas viradas para as pistas de dança com melodias pop é das que têm melhores resultados na actualidade. Este novo álbum de originais está dividido em dois CD. O primeiro trata-se de canções essencialmente pop, em que pontuam as suas colaborações com Ludacris, Snoop Dogg, Usher, Chris Brown, Jennifer Hudson, entre outros. O segundo disco é exclusivamente instrumental e mostra um regresso às raízes house do produtor: «Quero aproveitar o sucesso e a fama que tenho agora para mostrar às pessoas que só estão a descobrir-me agora que é daqui que eu venho, esta é a minha cultura e quero tornar isto ainda maior.» Entretanto, além de Where Them Girls At, já são conhecidos outros dois singles deste novo álbum: Little Bad Girl (com Taio Cruz e Ludacris) e Without You (com Usher, cujo teledisco foi filmado em parte na praia da Fonte da Telha).

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