Mariano Rajoy anuncia que vai afastar-se da liderança do PP espanhol
"É o melhor para o PP, para mim e para Espanha", disse Mariano Rajoy no final do Comité Executivo Nacional do PP reunido em Madrid para discutir a estratégia futura do partido.
Rajoy toma esta decisão depois de ter sido afastado da chefia do Governo na passada sexta-feira na sequência da aprovação de uma moção de censura contra o seu Governo que também significou a subida do líder socialista, Pedro Sánchez, ao lugar de primeiro-ministro.
"Chegou o momento de pôr um ponto final nesta etapa. O PP deve continuar a avançar e a construir a sua história ao serviço dos espanhóis sob a orientação de uma outra pessoa", acrescentou Rajoy, de 63 anos, que foi primeiro-ministro a partir de 2011, e líder do Partido Popular desde 2012.
O ainda presidente do PP avançou que vai continuar neste partido, não imaginando qual seria a sua "vida" fora dele: "Isto é a minha vida e quero que continue a ser", disse.
Mariano Rajoy assegurou que se irá colocar "às ordens" de quem vier a substitui-lo, desde os primeiros momentos da sua presidência, "com lealdade".
No início do discurso, Rajoy qualificou de "precedente grave" na história da democracia espanhola a vitória da moção de censura e a subida de Pedro Sánchez a chefe do executivo sem nunca ter ganho as eleições.
O líder do PP considerou que o atual Governo nasceu com uma "debilidade extrema" e com "péssimos companheiros de viagem", também pela primeira vez na história.
"Sánchez conseguiu construir uma maioria para derrubar o PP, mas ainda se tem de ver se com ela pode Governar o país", disse.
O líder do PP salientou que o PP, em termos económicos, deixou o país muito melhor do que recebeu em 2011 das mãos dos socialistas e fez um balanço positivo da forma como geriu a tentativa de autodeterminação da Catalunha.
"Nem houve independência, nem [o líder separatista Carles] Puigdemont é presidente [da Catalunha], nem fazem parte do Governo [regional] pessoas que estão na prisão ou fugidas" no estrangeiro, disse Rajoy.
O novo chefe do executivo espanhol, Pedro Sánchez, deverá anunciar na quarta-feira a totalidade dos nomes que irão formar o seu Governo, de forma a poder realizar a primeira reunião do Conselho de Ministros na próxima sexta-feira.
Sánchez prestou juramento no sábado perante o rei, Felipe VI, tornando-se o sétimo chefe do executivo da democracia espanhola, depois do sucesso de uma moção de censura.
O Congresso dos Deputados (parlamento) aprovou na passada sexta-feira, por 180 votos a favor, 169 contra e uma abstenção, a moção de censura que afastou Rajoy e, ao mesmo tempo, investiu o novo primeiro-ministro.
Pedro Sánchez já revelou que vai formar um Governo minoritário com ministros socialistas e independentes, esperando conseguir manter o apoio parlamentar das restantes sete forças políticas, com muitos observadores a terem dúvidas sobre a estabilidade do novo executivo.
Entre os apoios que recebeu estão vários partidos nacionalistas e separatistas dos País Basco e da Catalunha.
A atual legislatura iniciou-se com as eleições de 26 de junho de 2016 e terminará quatro anos depois, em 2020.