Lula no reconquistado Complexo do Alemão
"O Complexo do Alemão já não é mais bicho papão", disse Lula da Silva, durante uma visita às favelas reconquistada pelas autoridades numa mediática operação em finais de Novembro. O Presidente brasileiro tinha prometido deslocar-se ao local para ilustrar a vontade das autoridades de investir mais nesta zona, nas mãos dos narcotraficantes durante 30 anos.
Cerca de 2600 polícias de choque e militares, apoiados por blindados e helicópteros, invadiram as favelas sem resistência a 28 de Novembro, após uma semana de violência que deixou 37 mortos no Rio de Janeiro. Segundo o último balanço, após 25 dias de ocupação do espaço pelas forças de segurança, foram detidas 156 pessoas - entre as quais 21 menores - e apreendidas 36 toneladas de droga. Foram ainda recolhidas 563 armas e 60 explosivos e recuperados 440 veículos roubados.
Durante a sua visita, Lula fez uma viagem no novo teleférico, que irá facilitar a vida aos moradores do complexo, percorrendo metade dos três quilómetros que deverão estar concluídos até Março. As autoridades estimam que o novo teleférico, que terá seis estações, irá transportar diariamente até 40 mil pessoas.
Os moradores das comunidades do Alemão vão ser identificados e poderão viajar (ida e volta) uma vez por dia de graça. O preço para os restantes utentes ainda não foi estipulado. Segundo Lula, o teleférico do Alemão vai concorrer com o Pão de Açúcar como ponto turístico do Rio de Janeiro. O sistema terá 152 gôndolas, que transportam até dez passageiros (oito sentados e dois em pé).
A visita de Lula foi acompanhada por dezenas de moradores. "Eu nunca vi isso. Presidente aqui onde moro é muita alegria", afirmou José Varelo Paiva do Nascimento ao jornal O Globo. Proprietário de uma lanchonete, estava feliz por ter conseguido passar a mão na cabeça do Presidente. Houve contudo quem aproveitasse para fazer críticas e lembrasse a falta de água e luz constantes na comunidade.
Esta terá sido a última viagem de Lula ao Rio de Janeiro enquanto Presidente, preparando-se para passar o poder a 1 de Janeiro a Dilma Rousseff.