Lear Corporation despede hoje 231 trabalhadores

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"O encerramento é irreversível." A Lear Corporation, a multinacional norte-americana de cablagens para automóveis, não deixa a mínima esperança aos 800 trabalhadores da fábrica da Póvoa de Lanhoso - até Novembro, a empresa vai fechar, dada "a perda de competitividade e os custos elevados". Hoje , os primeiros 231 trabalhadores deixam a fábrica; os restantes 568 vão sair, de forma faseada, nos próximos dois meses, depois de um acordo com a administração para o pagamento das indemnizações.

"Já estávamos a contar com o fecho, mas foi um choque bastante grande. Só pensei o que é que irei fazer agora?", diz Cidália Oliveira, de 30 anos, depois cinco anos a laborar na linha de cablagem da Lear. Crê que será difícil conseguir um novo emprego numa zona tão assolada pelo encerramento de fábricas como o Minho, mas "ouviu que, em Setembro, decorrerá um curso no Instituto de Emprego". Poderá ser uma oportunidade.

João Pedro, por seu turno, conseguiu trabalho num café em Cabeceiras de Basto, onde já trabalhava a tempo parcial. Um mal menor, apesar de a esposa ficar de- sempregada e ter três filhos menores para alimentar.

Há já algum tempo que Humberto Ribeiro, de 31 anos, e a esposa Paula Oliveira, de Braga, com um filho de um ano, desconfiavam deste desfecho. Há sete anos a trabalhar na empresa, Humberto diz que os boatos corriam na fábrica, mas a chegada, há alguns meses, de uma equipa de "30 pessoas da Roménia para aprender a trabalhar nas linhas de montagem foi quase a certeza de que a empresa iria encerrar", a que se juntou a ausência de novos projectos. Mas, afirma, os trabalhadores nada têm contra a Lear, que "paga sempre certinho". Ao que Filipe Vieira, de 33 anos, de Amares, acrescenta que "paga razoavelmente bem". Com um filho pequeno, Filipe trabalha desde que a empresa abriu na Póvoa de Lanhoso há oito anos. Fica desempregado em Novembro.

O Sindicato Nacional da Indústria e Energia (Sindel) diz que o encerramento faseado foi a melhor forma para minimizar o impacto resultante da decisão da multinacional de deslocalizar a produção para a Roménia.

Sem greves, nem manifestações, os trabalhadores chegaram, há duas semanas, a um acordo com a administração para o pagamento de indemnizações equivalentes a dois meses de salário por cada ano de trabalho e ajudas pecuniárias para os funcionários com situações sociais difíceis. Ângelo Pereira, do Sindel, adiantou que foi criado um "gabinete de crise" para apoiar os desempregados.

A maioria dos trabalhadores, cuja idade média ronda os 35 anos, é da Póvoa de Lanhoso, sendo os restantes do distrito de Braga. A Lear, numa prova de boa vontade, compromete-se ainda que, caso as unidades de Valongo e Palmela "realizem no futuro novas admissões, será dada preferência aos trabalhadores agora despedidos".

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