Lanchas voadoras lusas servem traficantes lá fora
Polícia espanhola desmantelou rede de tráfico de cocaína
Um construtor naval de Viana do Castelo está a ser investigado pelas autoridades espanholas por alegadamente fornecer lanchas voadoras a um grupo de traficantes de droga desmantelado na Galiza. O clã desmembrado era liderado por Ramiro Vázquez Roma, tido como "número um" do tráfico de cocaína na Galiza e que, simultaneamente, era um "comissionista" da empresa nacional.
Em causa está a actividade da SeaRib's, uma sociedade portuguesa sediada em Vigo, na Galiza, e participada pela empresa VianaPesca Construção e Reparação Naval, cujos estaleiros estão instalados em Viana do Castelo. Neles são produzidas as lanchas voadoras cuja comercialização cabe à SeaRib's. Junto de fonte da empresa, o DN confirmou que a polícia espanhola, acompanhada da PJ portuguesa e munida de um mandado de busca, esteve na terça-feira naquelas instalações solicitando "documentação". Confirmou ainda a relação comercial com o galego Ramiro Vázquez Roma, apresentado como um "comissionista" da SeaRib's.
"Fomos apanhados totalmente de surpresa com o sucedido. Era um vendedor nosso, encomendava-nos barcos, apenas isso", acrescentou a fonte. Entretanto, o Tribunal de Cambados, na Galiza, aplicou prisão preventiva a seis dos sete indivíduos detidos segunda-feira na zona de Pontevedra por tráfico de cocaína. Entre estes está Ramiro Vázquez Roma, 42 anos, considerado o principal traficante de cocaína naquela região, detentor de vários negócios em Portugal.
Esta operação de combate ao tráfico, desenvolvida pelo Serviço de Vigilância Aduaneira, resultou também na apreensão de mais de três toneladas de cocaína, mas as autoridades acreditam que os traficantes terão deitado à água vários fardos, que pesarão mais uma tonelada. Na operação foram ainda apreendidas duas lanchas semi-rígidas, alegadamente construídas no estaleiro de Viana do Castelo. "Pelas fotografias que vimos não são idênticas ao nosso modelo. Mas depois de entregues aos compradores não sabemos o uso que lhes é dado", sustentou fonte da empresa, acrescentando: "Se um carro for utilizado para arrombar uma ourivesaria, ninguém vai pedir explicações a quem o vendeu."
As lanchas produzidas na empresa podem atingir os 150 km/h, escapando a qualquer perseguição, e seriam, suspeitam as autoridades espanholas, utilizadas pelo clã Roma para rapidamente descarregar a droga na costa galega. No entanto, como as autoridades espanholas já estão equipadas com lanchas idênticas, após uma perseguição, conseguiram deter este grupo de traficantes.