Inquérito à TAP. Pressão aumenta para Costa dar explicações
O depoimento da (ainda) CEO da TAP, a francesa Christine Ourmières-Widener, na comissão parlamentar de inquérito à TAP, terça-feira, colocou pelo menos três ministros debaixo de fogo. Criou ainda um problema entre o Presidente da República (PR) e o Governo por causa de supostas tentativas de alterações do horário de um voo presidencial de Maputo para Lisboa, em março de 2022. E esta quarta-feira, na mesma comissão, Alexandra Reis, a ex-administradora que deixou a TAP com meio milhão de indemnização, contribuiu para afundar ainda mais a imagem do ex-ministro das Infraestruturas Pedro Nuno Santos, ao revelar que se disponibilizou junto deste para renunciar ao cargo a custo zero - só que este não respondeu.
No caso do PR, Christine Ourmières-Widener revelou ter recebido um mail do (então) secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Mendes, pedindo-lhe que alterasse um voo da TAP de Maputo para Lisboa de modo a acomodar interesses de Marcelo. Nesse mail, Hugo Mendes salientava com veemência a importância
Esta quarta-feira, numa nota à Lusa, a Presidência da República assegurou que "nunca contactou a TAP, nem nenhum membro do Governo sobre tal assunto", ou seja, "nunca solicitou a alteração do voo da TAP" e "se tal aconteceu terá sido por iniciativa da agência de viagens".
A mesma nota diz que "o Presidente da República deslocou-se a Moçambique em março de 2022" e que "a viagem foi tratada pela agência de viagens habitual, que terá feito várias diligencias e acabou por encontrar uma alternativa com a TAAG, via Luanda, no dia 23, mas o regresso de Moçambique acabou por se verificar a 21 de março de 2022, num voo regular da TAP (TP182)".
"Tomámos conhecimento desta questão no dia 11 de fevereiro de 2022, quando a CEO da TAP perguntou ao chefe da Casa Civil, num jantar no Eliseu, a convite do Presidente Macron, a propósito da Saison Croisée França Portugal, se Sua Excelência o Presidente da República tinha solicitado a mudança do voo da TAP de 24 de março, o que foi imediatamente desmentido", disse ainda Belém.
Já para o Governo, as razões de embaraço são basicamente duas, uma atingindo Galamba (ministro das Infraestruturas) e Ana Catarina Mendes (Assuntos Parlamentares) e outra atingindo o titular das Finanças, Fernando Medina.
Quanto a Galamba e Ana Catarina, o problema centra-se na revelação, pela ainda CEO da TAP, de que terá tido uma reunião com deputados do PS, que terá sido dinamizada pelo ministro das Infraestruturas e operacionalizada pela ministra dos Assuntos Parlamentares, em 17 de janeiro, um dia antes de a gestora ir ao Parlamento explicar pela primeira vez a saída de Alexandra Reis da administração da transportadora aéreo nacional.
Já com Fernando Medina, o problema também decorre do depoimento terça-feira de Christine Ourmières-Widener na comissão parlamentar de inquérito.
A gestora revelou que na véspera de o Governo anunciar a sua demissão (6 de março passado), o ministro das Finanças a chamou para lhe pedir que se demitisse, "perante toda a pressão de diferentes partes" - mas ao mesmo tempo dizendo-lhe que tinha tido "resultados fenomenais" e um "trabalho fantástico" na gestão da TAP. Ora foi com surpresa que no dia seguinte o mesmo Governo a despediu invocando justa causa.
Perante tudo isto, as pressões da oposição centram-se na necessidade de o próprio chefe do Governo dar explicações.