Agora há rapazes armados nas ruas, mais que à civil - alguns de calções e chinelos. Usam as espingardas de assalto como um adereço a tiracolo. Alguns passeiam, ao mesmo tempo, com a outra mão dada à namorada.
Será parte do armamento que o Estado israelita anunciou para armar grupos civis, sobretudo na fronteira, agora que os militares estão divididos entre a fronteira sul e a fronteira norte.
Mas afinal quantas e quais são aqui as fronteiras? A resposta é: Depende.
A religião será a primeira fronteira, seguida da língua; árabe e hebraico não serão muito diferentes apenas aos olhos de quem desconheça ambas as línguas.
A capital que ambos os povos reivindicam, Jerusalém, tem várias cidades divididas por religião, cultura e língua. Dentro e fora dos muros. E não é fácil perceber quando se passa de um mundo para o outro. Porque as diferenças podem parecer planetárias. Há coisas permitidas de um lado e proibidas do outro a uma rua de distância.
E não é simbólico, é mesmo preciso passar militares, detetores de metais, responder a perguntas e mostrar documentos para circular entre bairros.
Um bom teste é ir à Mesquita de Al Aqsa (sagrada para muçulmanos), é uma fronteira que se passa ou não dependendo do dia, da hora, da religião ou até da idade de quem tenta passar.
Curiosamente, homens e mulheres têm as suas próprias fronteiras de ambos os lados, e por vezes mais parecidas do que seria e esperar.
Até andar num autocarro pode ter os seus limites. Uma secular sentar-se ao lado de um judeu ortodoxo é de evitar. Muitos põem a mão no lugar vago, para que nenhuma mulher se sente. Se dúvidas houver, o gesto é acompanhado por um ar enojado.
Como se não bastasse, há sinais por todo o lado a avisar: cuidado piso escorregadio. Não podemos dizer que não avisaram.