As melhores páginas de Helmut Newton: "Print is not dead"
Bonito seria ver Helmut Newton ouvir a frase "print is dead". O que diria o apaixonado pela impressão se alguém lhe atirasse à cara que o papel morreu? Era tipo para não dizer nada, seguir em frente, fotografar como poucos e ver depois o seu trabalho fazer a diferença numa revista ou num livro. Só isto, um golpe seco de arte e estava o assunto arrumado.
E também teria o seu encanto testemunhar o momento em que um desses profetas da desgraça das rotativas folheasse este bom uso de tinta que é Pages from the Glossies. Atenção, não é o primeiro número que a Taschen dedica aos talentos de Helmut Newton (apostamos que não será o último) mas é um documento perfeito para lembrar como o alemão trabalhava para quem lhe quisesse ver a obra, tudo nas bancas.
Estilo em quantidade
Comecemos pelo título do livro. Páginas das Glossies, aquelas revistas com bom papel (cá está ele) e muita fotografia, tudo com cuidado na impressão para que não escape nada. Um título que é também o da exposição que inaugurou no início deste dezembro na Fundação Helmut Newton, em Berlim. Continua até 22 de maio do ano que aí vem, apontemos o evento por favor.
O livro apresenta as imagens que a mostra também revela, cada um à sua escala. São fac-símiles, réplicas das fotografias tal e qual foram publicadas, numa só página ou num plano inteiro, com texto sobreposto ou com cortes que o design ditou.
E vêm todas - umas 500, por aí - de revistas publicadas entre 1956 e 1998. O que se vê é estilo, em quantidades raras e absurdas. Não é só moda, o corte certo na medida exata, com a tendência que importa a cada momento. É estilo porque vem de toda a parte. De sessões de fotografia, claro, mas também das ruas e dos momentos improváveis. Classe e categoria, tanto na forma como no conteúdo.