O cinema português que Berlim conhece

Festival. Revista 'Variety' dedica dossiê a Portugal

Manoel de Oliveira mostra amanhã o seu novo filme fora de competição

Imparável. Manoel de Oliveira está no Festival de Cinema de Berlim para apresentar, amanhã, Singularidades de Uma Rapariga Loira, a partir de Eça de Queirós, mas já tem planos para no próximo ano mostrar em Cannes um outro filme, O Estranho Caso de Angélica. A revelação foi feita em entrevista publicada no sábado na edição especial para a Berlinale da revista Variety.

Em Portugal é visto como elitista e há até quem o acuse de afastar espectadores do cinema. Mas em Berlim ninguém sabe destas polémicas portuguesas. Para a Variety, que publica uma edição diária no festival de cinema, distribuída gratuitamente aos profissionais da imprensa e da indústria que ali se encontram, a estreia do novo filme de Manoel de Oliveira, ainda que fora de competição, é pretexto para dedicar dez páginas à produção cinematográfica lusa. E, ao lado da entrevista do realizador centenário, há espaço para divulgar o "novo" cinema português, mais competitivo, mais comercial, ligado às estações de televisão. Até porque no Mercado Europeu do Filme, a decorrer em paralelo em Berlim, estão presentes mais de uma dezena de filmes portugueses, como Amália, de Carlos Coelho da Silva, A Arte de Roubar, de Leonel Vieira, ou Second Life, de Alexandre Valente. À procura de salas noutros países.

Vaias e aplausos

Ontem, em Berlim, o dia foi para algumas vaias. Sobretudo para Mammoth (Mamute). O filme do realizador sueco Lukas Moodysson conta com os actores Gael García Bernal e Michelle Williams nos principais papéis, interpretando um casal de nova-iorquinos bem-sucedidos nas suas carreiras cuja filha de oito anos (a actriz Sophie Nyweide) passa a maior parte do tempo com a ama filipina. O questionamento do modelo familiar na sociedade ocidental e da educação que estamos a dar às nossas crianças é o tema em questão. Mas os vários clichés e tom moralizador, nas palavras da jornalista da France Press Rébecca Frasquet, não foram suficientes para cativar o público.

Melhor recepção teve About Elly!, filme do iraniano Asghar Farhadi exibido no sábado à noite, que relata um fim-de-semana descontraído entre elementos da classe média, onde nem sequer falta um mistério. Farhadi disse que queria fazer "um filme universal", que pudesse ser entendido em qualquer parte do mundo. Resta saber se vai conseguir levar algum dos prémios para casa. - M. J. C.

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