Angola e Cuba renovam "irmandade indestrutível"
Visita. Nos anos 1970, Cuba ajudou o MPLA na luta contra a UNITA. Agora, o Presidente cubano, Raúl Castro, foi a Luanda reforçar esta velha amizade. Em troca, Castro ouviu José Eduardo dos Santos apelar ao novo Presidente americano, Barack Obama, para pôr fim ao embargo dos EUA a Cuba
Relações entre os dois países vêm desde 1976
A visita a Angola do Presidente cubano teve como pano de fundo a "irmandade indestrutível" forjada em "sangue e sacrifício" que liga Luanda e Havana, como lembrou Raúl Castro. Uma "irmandade" homologada pelo Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, que tocou no "coração" cubano ao considerar "absurdo e anacrónico" o bloqueio económico dos EUA a Cuba.
As declarações dos dois presidentes foram proferidas quinta-feira, primeiro dos três dias do programa, e definiram o tom da visita de Castro.
O líder cubano deslocou-se a Luanda a convite de José Eduardo dos Santos e assim retribuiu a visita do Presidente angolano a Cuba em Setembro de 2007, que ambos admitiram ter sido um impulso nas relações bilaterais, que remontam a 1976.
Sempre presente nas intervenções dos dois presidentes foi o apoio de Cuba ao governo do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), entre 1976 e 1991, em particular em 1988, quando cubanos e angolanos do partido no poder derrotaram os guerrilheiros da União Nacional para a Independência de Angola (UNITA) e expulsaram os seus aliados do apartheid sul-africano na "histórica" batalha do Cuito Cuanavale. Em Luanda, Castro prestou homenagem ao primeiro Presidente angolano, Agostinho Neto, e aos cubanos mortos em combate em Angola.
José Eduardo dos Santos, num jantar em honra de Raúl Castro, disse "esperar sinceramente" que o novo Presidente americano, Barack Obama, "muito sensível às questões humanitárias, mande revogar o embargo económico contra Cuba".
Para o Presidente angolano, "não faz sentido" que se mantenha um bloqueio que "há quase meio século condiciona a vida de milhões de seres humanos, constituindo uma violação flagrante dos Direitos do Homem".
Garantiu ainda que Cuba "poderá contar sempre com o apoio indefectível de Angola". "Valeu a pena o sacrifício consentido e a ajuda que concederam a Angola", disse.
Em jeito de retribuição, Raúl Castro reafirmou quinta-feira, numa sessão solene no Parlamento, que a cooperação de Havana estará sempre ao serviço dos "novos tempos de paz e prosperidade dos angolanos". Elogiou ainda a capacidade de Angola na resolução do conflito armado de 30 anos, considerando-o "um exemplo para muitos países"
As relações entre Cuba e Angola datam de 1976, quando Havana iniciou a ajuda militar ao MPLA, liderado por Agostinho Neto, na luta contra a UNITA. Além do sector militar, Cuba também apoiou Angola na área da saúde, tendo desde 1976 passado por Angola cerca de 10 mil médicos, enfermeiros e pessoal técnico. Na educação, foram mobilizados 16 500 professores cubanos e dez mil jovens angolanos fizeram os seus cursos em Cuba, com bolsas de estudo.
Nesta visita ficou ainda acordado o alargamento da cooperação às áreas tecnológicas e industriais, embora as partes se tenham comprometido a manter e aumentar as relações nas áreas tradicionais da saúde e educação. Jornalista da Lusa