Opel da Azambuja fecha amanhã ao fim de 43 anos

Amanhã, às 23.10, as máquinas páram na fábrica da General Motors, na Azambuja, ao fim de 43 anos de laboração. A decisão da GM de deslocalizar a produção do Opel Combo para a fábrica de Saragoça atira para o desemprego os 1100 trabalhadores da fábrica, a que acrescem cerca de 400 postos de trabalho indirectos.

A GM é o principal empregador da região e existem situações em que há vários elementos da mesma família a trabalhar na unidade. Técnicos do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) estiveram na última semana a estudar caso a caso a situação de cada trabalhador, atendendo à nova lei do subsídio de desemprego que entrou em vigor no início deste mês.

O ambiente na fábrica é de "tristeza", diz Paulo Vicente, da Comissão de Trabalhadores. No seu caso, diz, com "42 anos e 12,5 anos de GM, vai ser difícil arranjar emprego". Para já, não quer pensar no futuro, e afirma que vai "tirar umas férias". Outro trabalhador, que pediu o anonimato, disse ao DN que ainda não sabe o que vai fazer depois de amanhã. Os trabalhadores da GM acalentam a esperança de a fábrica ser vendida a uma empresa do sector automóvel e voltarem a ser chamados. Sobre os projectos no sector logístico que se estão a instalar na zona, Paulo Vicente não acredita que seja solução. "Não existem alternativas na região", desabafa.

A linha de montagem começa a ser desmantelada de imediato e todas as ferramentas afectas à montagem do Opel Combo serão transferidas para a fábrica de Saragoça. Os planos traçados pela GM apontam para que o processo de desmontagem da unidade da Azambuja e instalação das linhas na fábrica espanhola demorará cerca de dois meses. Ou seja, diz Paulo Vicente, Saragoça ficará apta a fabricar o modelo Combo em finais de Fevereiro. Até à data, não houve contactos entre os trabalhadores das unidades portuguesa e espanhola.

Paulo Vicente garante que os trabalhadores, apesar do desalento, estão a cumprir o acordo que assinaram com a GM no início de Outubro, em que, em troca de um plano de compensações, se comprometeram a fabricar 23 062 veículos até amanhã. Por dia saem da fábrica 320 veículos. No final de 2005, um relatório da GM enaltecia o desempenho da fábrica da Azambuja, ao registar um aumento de produção de 11,2% face a 2004, ao montar 73 711 veículos. Ao nível da qualidade, "a fábrica da Azambuja voltou a apresentar excelentes indicadores e a evidenciar uma elevada eficiência a nível do processo produtivo, cotando-se entre as três melhores unidades industriais da GM Europa". Cinco meses mais tarde, um estudo evidenciava que o custo de produção por veículo apresentava uma desvantagem de 500 euros comparativamente a Saragoça. Amanhã, os trabalhadores do primeiro turno despedem-se da fábrica às 14.30, e os do segundo às 23.10. Depois, o silêncio instala-se até à saída das máquinas, logo a seguir ao Natal.

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