Obra de Dominguez Alvarez revisitada

Apesar de ter exposto uma única vez individualmente em vida (1936), no Porto, e do seu percurso artístico ter sido demasiado curto, devido à sua morte precoce aos 36 anos (1942), Dominguez Alvarez é considerado um dos mais fascinantes artistas do "segundo modernismo português" e tem sido uma presença constante em várias exposições sobre a arte portuguesa, durante o século XX.

Agora, para assinalar o centenário do seu nascimento, comemorado este ano, o Centro de Arte Moderna (CAM) da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, propõe uma revisitação à obra do artista plástico que, modéstia à parte, se considerava "o melhor paisagista da península".

Dominguez Alvarez, 770, Rua da Vigorosa, Porto (em alusão à morada do pintor), inaugurada sexta-feira, reúne cerca de 200 obras, desde pintura a desenhos, e apresenta quatro cadernos de esboços inéditos que o artista realizou durante as suas constantes viagens pelo norte de Portugal e Espanha. Da mais longa destas incursões, datada de 1932, resultaram grande parte dos trabalhos expostos.

A viagem minuciosa pelos seis núcleos da exposição, comissariada por Emília Ferreira e Ana Vasconcelos e Melo, são um reencontro com Dominguez Alvarez. O percurso geográfico, do Porto à Galiza, passando por Castela, e, ao mesmo tempo, feito de afinidades entre os diferentes movimentos plásticos que abordou, demonstram que este "era um pintor que percebia a pintura", como afirma Ana Vasconcelos.

Em Dominguez Alvarez, 770, Rua da Vigorosa, Porto,o público pode deleitar-se quer com a sua pintura naturalista quer com uma outra de elementos mais modernistas. Do cruzamento de várias linguagens artísticas nasceram paisagens urbanas e rurais do Porto, Minho e Galiza, personagens à chuva e em tabernas, fábricas em funcionamento e imponentes torres e catedrais.

Nesta revisitação do artista, para além da própria Gulbenkian e de alguns museus, como o Museu do Chiado e o Museu Soares dos Reis, contribuíram sobretudo coleccionadores particulares. É, aliás, em Portugal que se encontram os seus mais fiéis apreciadores, como é o caso do coleccionador Francisco Marques Pinto.

Um artista "surpreendente", "com letra grande" e "dificilmente rotulável", nas palavras das comissárias, Domingez Alvarez nasceu e viveu no Porto, e foi aí que se graduou (1940) na Escola de Belas Artes. Uma paisagem naturalista, também patente na exposição, valeu-lhe a distinção com 20 valores.

Depois da sua última exposição, em 1987, "o maior paisagista da península" regressa em Dominguez Alvarez, 770, Rua da Vigorosa, Porto. Para ver até 15 de Outubro, na galeria do piso 01 da Sede da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa .

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