Fosforeira Portuguesa em risco de encerrar
A crise, há cerca de duas décadas instalada no sector, ameaça encerrar a Fosforeira Portuguesa, única empresa da Península Ibérica a produzir fósforos, na altura em que comemora o 80.º ano de laboração. A riqueza da firma, no entanto, pode verificar-se pela área dos quarteirões que ocupa na cidade de Espinho, espaço obviamente cobiçado pelos promotores imobiliários.
Com apenas 39 trabalhadores, quando houve épocas em que empregava 400, a fábrica, sob administração espanhola, é pretendida pelo seu director de produção, Jaime Teixeira Pinto.
De acordo com o economista, o negócio, actualmente, não paga os custos e daí, explicou, a administração procurar soluções "antes que a firma morra".
Jaime Teixeira Pinto refere não desejar o desemprego, sustentando ser o negócio viável, "embora numa estrutura diferente, menos pesada do que a actual". Propôs, então, continuar a vida da fábrica por sua conta, garantindo os vencimentos a quase todos os empregados.
Com os enormes edifícios e terrenos libertos, de avultado valor, a Fosforeira Portuguesa, então nas mãos de Jaime Teixeira Pinto, mudaria de instalações, criando-se um fundo no montante das indemnizações a que os trabalhadores teriam direito caso fossem despedidos sem justa causa. A verba deveria ser utilizada na aquisição das novas instalações e, caso o negócio corresse mal, os direitos dos trabalhadores estariam salvaguardados com a venda dessas mesmas instalações.
Os trabalhadores recusaram linearmente a proposta. Suspeitam das pretensões do director de produção, acusando-o de má gestão e de ter delapidado a empresa relativamente à prestação de regalias sociais.
Alexandre Silva, da Comissão de Trabalhadores, diria mesmo ao DN que Jaime Teixeira Pinto quer apoderar-se da fosforeira com o dinheiro "a que os trabalhadores têm direito, através de um golpe de mestre". Assim, "todos seríamos patrões", diz, revelando que a maioria dos trabalhadores tem mais de 30 anos de casa, recebendo um ordenado na ordem dos 700 euros. Entre outras movimentações, como audiências junto do Governo e do Parlamento, os trabalhadores e as suas famílias vão deslocar-se à sede da empresa, em Madrid. C