Verde Lago cria mais de mil camas em Altura
País de sol e mar, com boa gastronomia e ainda relativamente seguro, Portugal atrai cada vez mais visitantes, sobretudo dos países do Norte e Centro
da Europa, que privilegiam o Sul do continente enquanto destino de férias. Mas não só. O número de turistas que adquirem a sua segunda casa no nosso país não pára de aumentar. Cientes desta realidade e face ao baixo poder de compra dos portugueses, os investidores viram-se para os estrangeiros.
Verde Lago cria mais de mil camas em Altura
Depois de um impasse de mais de três décadas, arrancam em Setembro as obras do Verde Lago, um dos três projectos turísticos estruturantes do Algarve, a par de Vale do Lobo e Vilamoura XXI. O empreendimento de luxo, que passou das mãos de investidores finlandeses ligados ao Scandinavian Bank - cansados do calvário burocrático que representou a aprovação do projecto - para as do grupo português Inland, liderado pelo presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, irá localizar-se em Altura, concelho de Castro Marim, num terreno com cerca de 100 hectares, junto à praia.
Este é um dos maiores investimentos previstos para a zona do Sotavento algarvio, quer pelos valores envolvidos, 60 milhões de euros, quer pelo número de camas turísticas que irá criar - mais de mil - repartidas entre um hotel de cinco estrelas (com 400 camas), moradias de luxo isoladas e em banda e apartamentos, estes últimos a construir já numa zona de desenvolvimento urbano da localidade. O resort, que terá um campo de golfe de 18 buracos, prevê um vasto conjunto de acções de valorização ambiental, que passam pela renaturalização das dunas e a construção de um emissário submarino com 500 metros, que permitirá, disse ao DN o presidente da Câmara de Castro Marim, José Estevens, a "regularização das águas pluviais do aglomerado urbano da freguesia de Altura".
Com o início das obras de infra--estruturas do Verde Lago após o Verão, um ponto final será dado a um longo e penoso processo que começou em finais da década de 70, com a compra do terreno, pelos finlandeses, à Caixa Geral de Depósitos, destinado à construção de um empreendimento turístico.
A pesada burocracia portuguesa acabaria por levar à falência e ao suicídio do empresário finlandês, que adquirira o terreno por 10 milhões de euros. Em 1991, o Scandinavian Bank chama a si o investimento, mas o projecto sofre novo revés em 1992, com a publicação do Plano Regional de Ordenamento do Algarve (Protal), que impedia qualquer construção no local.
Só cinco anos depois, no Governo de Cavaco Silva, os promotores começaram a ver luz ao fundo do túnel. É que, por despacho de três ministérios, foi criada a possibilidade de aprovar projectos em oposição ao Protal, desde que considerados estruturantes e envolvendo investimentos superiores a 50 milhões de euros. Outro dos requisitos (que o Verde Lago reunia) era a realização de um terço dos investimentos em infra-estruturas na área do Protal, incluindo as dos empreendimentos.
Em 1997, a Assembleia de Castro Marim aprovou finalmente o projecto, depois de obtidos os pareceres favoráveis de diversos organismos, nomeadamente ligados ao Ambiente, sendo o mesmo enviado ao Governo para ratificação. E é aqui que começa a "saga da segunda fase", diz o autarca. O projecto ficou anos "esquecido numa gaveta governamental", até que José Sócrates, na altura ministro do Ambiente, decide que este só seria ratificado se obedecesse a um Estudo de Impacto Ambiental (EIA).
É nessa fase que o grupo presidido por Luís Filipe Vieira, numa "iniciativa de alto risco", segundo José Estevens, compra o terreno aos finlandeses e assume o projecto, que é finalmente aprovado em finais de 2004. Segundo o autarca, dentro de dias será aprovado o loteamento, o qual "respeita a Declaração de Impacto Ambiental e o Plano de Pormenor da zona".