Faleceu a arquitecta das Twin Towers de Sete Rios

A arquitecta Olga Quintanilha, primeira presidente da Ordem dos Arquitectos (OA) e autora do complexo habitacional e comercial lisboeta conhecido como Twin Towers, faleceu domingo, em Lisboa, vítima de doença prolongada. Tinha 63 anos.

"Olga Quintanilha deixa um testemunho de dedicação e defesa da arquitectura nas mais diversas frentes, desde a actividade profissional, pública e privada, à intervenção normativa e internacional. A Ordem era, de certo modo, a sua casa", destacou em comunicado Helena Roseta, actual presidente da OA - de cuja sede sairá, hoje, pelas 12.00, o funeral da arquitecta, para o cemitério dos Olivais.

Nascida em 1942, em Lisboa, onde se formou na Escola Superior de Belas Artes (em 1967), Olga Quintanilha iniciou a sua actividade profissional na Direcção Geral das Construções Escolares. Tendo ainda, até 1978, colaborado em projectos como o desenvolvimento turístico da Meia Praia, no Algarve (com o arquitecto Frederico George), unidades suburbanas de habitação na zona de Lisboa (com Silva Dias) ou o Plano da Quinta das Olaias (com Manuel Vicente e Daniel Santa Rita).

Entre as dezenas de obras que projectou contam-se as instalações de apoio e bancada do Estádio Municipal de Viseu, a Direcção Geral dos Registos e Notariado e 104 fogos na Quinta da Paradinha, na mesma cidade, o Centro de Emprego de Setúbal, o complexo universitário de Santa Joana, em Aveiro, agência do Montepio Geral, em Lisboa, e vários programas de habitação e escritórios.

Mas a mais emblemática e mediática das suas criações seria o complexo Twin Towers. Com 70 mil metros quadrados para habitação e comércio, este projecto erigido em Sete Rios (na confluência da Avenida José Malhoa com a Rua de Campolide) compreende duas torres de 28 pisos cada e foi polemicamente aprovado, em 1998, pelo então presidente da autarquia, João Soares, desrespeitando o limite de 25 metros de altura estipulado pelo Plano Director Municipal.

De destacar é ainda a colaboração de Olga Quintanilha com o governo de Angola no apoio técnico para o diálogo com a Unesco e nas negociações com o Banco Africano de Desenvolvimento para o projecto Educação (em 1982), bem como na construção de várias escolas em Luanda e do Instituto Médio Agrário do Huambo.

Olga Quintanilha entrou para a Associação dos Arquitectos Portugueses em 1982, como membro da direcção da Secção Regional Sul, tendo posteriormente ocupado vários cargos directivos e exercido um papel determinante na criação da Ordem dos Arquitectos (que presidiu entre 1999 e 2001).

A arquitecta foi também uma personalidade de reconhecidos créditos no campo da formação e da dignificação da sua classe. Participou em numerosos estudos e documentos normativos relacionados com o ensino, e foi coordenadora do Livro Branco da Formação em Arquitectura em Portugal e co-autora do Livro Branco da Arquitectura e Ambiente Urbano.

Membro permanente do Conselho da Europa dos Arquitectos, de 1989 a 1991, Olga Quintanilha seria eleita, em 1999, presidente da secção ibérica do Do.Co.Mo.Mo (Documentação e Conservação do Movimento Moderno). De 1984 a 1990, exerceu também actividade docente na Escola António Arroio, em Lisboa. E integrou os júris de diversos concursos de arquitectura, nomeadamente, os da remodelação da Estação de S.Bento, no Porto (1985), reabilitação da Fortaleza de Sagres (1988), instalações do Banco de Portugal na Praça de Espanha, em Lisboa (1989), ou novas instalações da Assembleia da República (1992).

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