24 julho 2005 às 00h00

As luzes da ribalta segundo a câmara de Rita Carmo

António barradinhas

Juntar Sérgio Godinho com Iggy Pop, Blasted Mechanism com Blur, ou até Maria João com Ben Harper parece ser um contrasenso se falarmos de géneros musicais. Mas quando capturados em fotografia pelo mesmo olhar, através da mesma objectiva e expostos nas paredes gastas de uma casa abandonada quase à beira do rio Tejo como fez a fotógrafa do Blitz Rita Carmo, a reunião deste artistas ganha todo o sentido.

Após a edição do livro em 2003, a exposição Altas Luzes, que tem o mesmo nome do livro e partiu do termo inglês "highlights, porque tinha a ver com o estrelato", como conta Rita Carmo, anda em digressão. "Começou na FNAC do Colombo e desde então já correu meio país". A exposição, que é uma selecção de 40 fotografias, traz-nos momentos de ribalta, agarrados pelo olhar de uma fotógrafa que teve oportunidade de ver as "estrelas" da música no seu melhor.

Rita Carmo, 35 anos, começou a fotografar com apenas 13 e trabalha no jornal Blitz desde que foi convidada para colaboradora, já lá vão 14. Está presente no Festival Tejo com a sua exposição, mas também é possível encontrá-la a cada noite em frente aos palcos, atrás da sua objectiva, a captar novas imagens para uma cobertura jornalística do acontecimento.

Em serviço para o jornal Blitz, que está ligado à organização deste evento - que prossegue esta noite, na Azambuja - a fotógrafa tenta capturar o momento certo dos espectáculos a que assiste e garante que uma boa fotografia depende muito da componente visual de cada grupo.

Ao olhar para o trabalho desta fotógrafa percebe-se que quando se consegue capturar numa imagem esse grafismo que é próprio de cada artista, quando se colhe o momento certo para reter para a posteridade, como faz Rita Carmo, o resultado são fragmentos de espectáculos guardados em papel, são reacções congeladas em momentos únicos, retratos que projectam as estrelas fora dos palcos. Assim se criam ícones.

A exposição Altas Luzes, patente dentro do recinto do festival, compõeuma amostra do vasto olhar de uma fotógrafa que, por vezes a preto e branco, por vezes a cores, ajuda a criar ícones. No trabalho de Rita Carmo o "clic" faz as fotos. Aqui, no Festival Tejo a música dos palcos serve-lhes de moldura.