08 novembro 2005 às 00h00

Arte portuguesa bem-vista na Bienal de Veneza

paula lobo

Intus, a exposição de Helena Almeida que representou oficialmente Portugal, e as participações em mostras colectivas de Joana Vasconcelos, João Louro, Vasco Araújo e Carlos Bunga foram apostas ganhas na 51.ª Bienal Internacional de Arte de Veneza, que encerrou no domingo, em Itália.

"Embora reconhecida tardiamente, Helena Almeida está agora a ser muito solicitada por instituições internacionais para fazer exposições. E, em relação aos outros artistas, as coisas também estão a andar", afirma ao DN, em jeito de balanço, Margarida Veiga, a ex- -subdirectora do Instituto das Artes (IA) que supervisionou a maior presença portuguesa de sempre no mais importante evento internacional dedicado às artes plásticas.

Desde ontem em funções na administração do CCB, Margarida Veiga recorda que, embora realizada num espaço (a Scoletta Tiraoro e Battioro) não integrado no circuito normal da bienal, a exposição de Helena Almeida beneficiou da proximidade do Grande Canal. "A recepção foi bastante boa. A imprensa italiana publicou coisas muito abonatórias e vi críticos e curadores internacionais muito interessados, houve muita gente a visitar o pavilhão português e a pedir o catálogo", acrescenta.

Comissariada por Isabel Carlos, Intus ("de dentro", em latim) integrou a fotografia Tela Habitada (de 1977), o vídeo A Experiência do Lugar II (de 2004) e Eu Estou Aqui, série de fotografias criada para a bienal. Foi ainda exibido um DVD com 40 obras que ilustram a carreira da artista, desde os anos 60.

Joana Vasconcelos expôs A Noiva (um lustre feito com tampões, de 2001) logo à entrada do Arsenal, na exposição Sempre um Pouco mais Longe, comissariada por Rosa Martínez. A Experiência da Arte foi a outra grande mostra da 51.ª edição, tendo a comissária María de Corral seleccionado obras de João Louro (Blind Image #47 e Blind Image #66) e de Vasco Araújo (The Girl of the Golden West). Quanto a Carlos Bunga, participou com um vídeo na exposição Unspoken Destinies, organizada pelo FRAME - Finnish Fund for Art Exchange.

A bienal, inaugurada em Junho com 73 países, recebeu quase 1700 visitantes diários, segundo o jornal espanhol El Mundo. Apesar dos problemas financeiros do IA - que teve de retirar aos apoios sustentados às artes do espectáculo os 331 mil euros para avançar com o projecto Intus -, a presença nacional foi, portanto, bem sucedida . Quanto ao futuro, "o Ministério da Cultura já manifestou interesse em continuar com a representação. Se continuarem as negociações já abertas, a próxima poderá até ser num palácio muito mais interessante. Tudo dependerá do que a nova direcção do IA queira fazer", conclui Margarida Veiga.