Legislativas 2024
07 fevereiro 2024 às 17h16
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Montenegro recusa debater com PCP e Livre. AD quer apresentar Nuno Melo nesses debates

Luís Montenegro lamentou que Pedro Nuno Santos não esteja disponível para um frente a frente na rádio. Mas já fez saber à RTP e à TVI que não irá ao debate com o PCP nem com o Livre e que será substituído pelo líder do CDS/PP.

Luís Montenegro não irá aos debates com Paulo Raimundo e Rui Tavares. Fonte oficial  da campanha da AD diz ao DN que quem irá debater com Paulo Raimundo e Rui Tavares será Nuno Melo. “A AD tem dois líderes partidários”, sublinha a mesma fonte, notando que em 2015 “Paulo Portas também fez debates” e que, na altura, a CDU resolveu enviar Heloísa Apolónia, líder de Os Verdes em vez de Jerónimo de Sousa para debater com Portas.

Na campanha da AD rejeita-se que haja uma desconsideração em relação ao PCP e ao Livre. “Teve que ver com a agenda. Não há nenhuma lógica especial. Não há uma lógica partidária”, justifica-se, explicando que Montenegro terá um comício em Penafiel, no sábado, dia em que devia estar nos estúdios na RTP frente a frente com Paulo Raimundo.

PCP diz que Montenegro “está a fugir do debate”

“Não podemos olhar para isto de outra forma que não seja a de o PSD estar a fugir ao debate com o PCP”, diz ao DN fonte oficial do Partido Comunista Português, recordando que “este modelo de debates se alcançou através de um acordo entre as televisões e os partidos”, pelo que não se entende que haja agora uma alteração.

“Tudo foi discutido e chegou-se a este modelo, com este calendário, que teve o acordo de todos”, frisa a mesma fonte, notando que ao longo do processo chegou a haver alterações de datas por problemas de agenda. “Tivemos toda a disponibilidade para ajustar isso”.

Se Montenegro tem problemas de agenda, na Soeiro Pereira Gomes diz que “isso resolve-se, encontram-se alternativas”.

Esta indisponibilidade de Luís Montenegro para debater com Paulo Raimundo no sábado em canal aberto na RTP foi comunicada esta semana, já depois de se iniciarem os debates. E o argumento de que há o precedente de 2015 não colhe para os comunistas. “Não tem comparação possível. Nessa altura essa decisão foi um processo, não foi a meio dos debates”, nota fonte oficial do PCP, que diz que esta mudança da AD “cria uma distorção global no modelo”.

Segundo o que ficou acordado, os debates com PSD e PS seriam em canal aberto. Ao fazer-se representar por Nuno Melo no debate com o PCP na RTP, a AD está na prática a pôr o CDS numa televisão generalista.

Rui Tavares diz que falta “coragem” a Montenegro

“Isso só dá para rir”, reage Rui Tavares, perante a hipótese de a AD se fazer representar por Nuno Melo no debate com o Livre na TVI. “É Luís Montenegro o candidato da AD a primeiro-ministro. Os debates estão marcados. Será uma cobardia não aparecer”.

Para Tavares também não justificação dar 2015 como exemplo de um momento em que a coligação entre PSD e CDS (à data a PAF) se fez representar pelo líder centristas. “Estamos em 2024”, frisa o líder do Livre, que só encontra uma justificação para esta atitude da AD.

“Luís Montenegro não tem coragem para debater comigo”, afirma ao DN Rui Tavares, a quem nem passa pela cabeça que não seja Montenegro a comparecer ao debate que já está marcado.

O DN contactou a RTP e a TVI para perceber se as televisões estão disponíveis para mudar o que tinha sido definido durante a discussão dos modelos, mas as televisões (que definiram o modelo entre si) não têm ainda uma posição fechada sobre o assunto.

Montenegro queria mais um debate com o PS

Esta quarta-feira, ficou a saber-se que Pedro Nuno Santos não está disponível para o frente a frente nas rádios com Luís Montenegro. Perante a recusa do líder do PS, Luís Montenegro reiterou a sua “disponibilidade total” para debater com Pedro Nuno, vincando que “todas as oportunidades são boas” para fazer esse confronto de ideias.

"A minha disponibilidade é total, eu estou aqui para dizer às pessoas o que quero fazer enquanto líder de um Governo, do ponto de vista económico, social, da melhoria de condições de vida das pessoas e de um projeto de crescimento de ambição", disse o líder da AD, citado pela Lusa.

O DN contactou Pedro Nuno Santos, para perceber os motivos da recusa em participar no debate a dois nas rádios, mas o líder do PS não quis comentar.