O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell alertou esta segunda feira para a pressão da opinião pública internacional sobre a atuação de Israel, na Faixa de Gaza onde a população enfrenta “a fome”, e a ajuda humanitária não tem autorização para distribuir ajuda no terreno.
A falar à entrada para a reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros, em Bruxelas, é com palavras duras que o chefe da diplomacia Europeia se refere à actual situação no terreno.
“Gaza era, antes da guerra, a maior prisão a céu aberto. Atualmente é o maior cemitério a céu aberto, um cemitério para dezenas de milhares de pessoas e também um cemitério para muitos dos mais importantes princípios do direito humanitário”, frisou o alto representante da União Europeia para a política Externa, enfatizando a pressão internacional para que alguma coisa mude.
“Vemos o líder do partido democrático pedir eleições em Israel para substituir o governo, e vimos o Chanceler Scholz dizer que os europeus não podem ficar sentados a ver o povo palestiniano passar fome, quando do lado egípcio da fronteira, há alimentos para meses, acumulados em stocks, enquanto do lado de gaza há pessoas a morrer de fome”, lamentou, considerando que “isto é algo que exige alguma reação, não apenas manifestar preocupação, mas tomar decisões”.
Sobre a proposta para que haja uma análise a propósito do acordo de associação com Israel, Josep Borrell afirma que vai propor a realização de “um debate de orientação política”. Admitindo que possa haver uma influência sobre a forma de proceder, Borrell ressalva que “não se trata de uma suspensão total do acordo”.
“Vou pedir aos ministros que debatam o assunto. Este é um debate de orientação política e, de acordo com o resultado, procederemos de uma forma ou de outra. Não estamos a falar de uma suspensão total do acordo de associação. Isso seria algo que a Comissão deveria propor. Estamos a falar da dimensão política baseada no respeito pelo direito humanitário e pelos princípios humanitários”, afirmou.