União Europeia
12 fevereiro 2024 às 23h46
Leitura: 4 min

Chanceler alemão defende produção em "grande escala" de armamento na Europa

Scholz instou os europeus a voltarem-se para a produção em massa da equipamento militar, favorecendo encomendas agrupadas e de longo prazo, e alertou para a ameaça duradoura representada pela Rússia.

 O chanceler alemão, Olaf Scholz, instou esta segunda-feira os europeus a voltarem-se para a produção em massa da equipamento militar, favorecendo encomendas agrupadas e de longo prazo, e alertou para a ameaça duradoura representada pela Rússia.

O líder do Governo alemão marcou esta segunda-feira presença na cerimónia de inauguração de uma nova fábrica do fabricante de armas Rheinmetall, no maior complexo industrial de defesa do país, em Untelüss, no norte da Alemanha.

A nova unidade deve produzir munições de artilharia de 155 milímetros a partir de 2025, visando gradualmente uma capacidade de 200 mil projéteis por ano.

Segundo Scholz, este é uma 'chamada' para os europeus, para que fortaleçam a base industrial de defesa do continente.

"Devemos (...) voltar-nos para a produção de armas em grande escala", insistiu Olaf Scholz, lembrando que esta é uma "necessidade urgente".

"Por mais dura que seja esta realidade, não vivemos tempos de paz", sublinhou o chanceler alemão.

A guerra da Rússia na Ucrânia e as "ambições imperiais" de Vladimir Putin representam "uma grande ameaça", alertou.

Nesta situação, "quem quer a paz deve conseguir dissuadir possíveis agressores", defendeu o chefe do Governo na Alemanha.

Apesar dos milhares de milhões de euros em armas entregues à Ucrânia pelos países da União Europeia (UE) desde o início da invasão russa, estes ainda estão longe de ter alcançado capacidade suficiente para apoiar de forma sustentável o país e reconstituir as suas próprias reservas.

De acordo com Olaf Scholz, para resolver estes problemas é necessária uma cooperação industrial "mais estreita" entre os 27 Estados-membros.

"Uma defesa forte exige uma base industrial sólida. Isto acontecerá se nós, europeus, agruparmos as nossas encomendas, se unirmos os nossos recursos e assim dermos à indústria perspetivas para os próximos 10, 20 ou 30 anos", sublinhou.

Scholz reconheceu ainda que a Alemanha tem sido um mau exemplo, porque a política de armamento "foi executada como se fosse uma questão de comprar um carro", sem o planeamento a longo prazo que tem sido necessário para que as indústrias de defesa invistam. em capacidades adicionais.

A Rheinmetall pretende produzir, em todas as suas instalações na Europa, até 700 mil projéteis de artilharia por ano em 2025, em comparação com 400 a 500 mil este ano. Antes da guerra russa na Ucrânia, produzia apenas 70.000.

O maior fabricante de armas alemão "já tem uma capacidade superior à dos Estados Unidos" em termos de produção de munições de 155 milímetros, garantiu à agência France-Presse (AFP) Armin Papperger, chefe da Rheinmetall.

No futuro, "os Estados Unidos gostariam de produzir um milhão de munições por ano e a Europa dois a três milhões, graças a uma união entre parceiros europeus", acrescentou.

Até ao final de março, os europeus terão fornecido apenas metade do milhão de munições prometidas à Ucrânia no ano passado.