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23 março 2024 às 09h34
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O futuro móvel da Google: mais e melhores fotos com IA

Product manager para as Câmaras dos smartphones Pixel explica como a imagem está no centro do desenvolvimento dos aparelhos da empresa.

A câmara gerida por Inteligência Artificial (IA) e o processamento informático de fotografia dos smartphones Pixel são um dos maiores avanços da computação móvel da última década e impulsionaram toda a indústria.” A afirmação é de Michael Specht, product manager para as Câmaras dos aparelhos da Google, justificada pelo facto de estes terem sido pioneiros, há sete anos - desde o Pixel 2 - em introduzir IA na captação de imagem.

Hoje, com o Pixel 8 Pro - e apesar da feroz concorrência de modelos como o Samsung S24 Ultra ou do Xiaomi 14 Ultra - o fabricante norte-americano continua a poder afirmar ter serviços únicos, como o Best Take, que permite escolher os melhores rostos de várias fotos da mesma sessão e juntá-los numa única (ler mais AQUI). Ou uma IA generativa que consegue resultados ligeiramente superiores aos da concorrência quando se elimina uma figura de uma foto (ver exemplo AQUI).

Numa “mesa redonda” virtual exclusiva para jornalistas portugueses, decorrida na última semana, realizada (a título de curiosidade) em vésperas de este responsável vir passar férias a Portugal, Michael Specht explicou como através do software tem sido possível extrair informação captada pelas câmaras que parecia não estar lá. “Para nós, a IA é essencialmente utilizada de forma a melhorar os píxeis que já existem”, afirma. “Não para criar novas imagens.”

Algo que é bem patente no modo Noturno/Night Sight, na fotografia, capaz de captar detalhe mesmo sob fraca luz, ou no Video Boost, em que o ficheiro é processado de forma a retirar mais informação do que a que parece conter o vídeo original, tanto em situações noturnas, como diurnas.

Neste último caso, dado o “peso” do processamento, é necessário recorrer aos serviços na nuvem - com o consequente tempo de espera para o upload, download e o tempo de servidor, que pode variar consoante estes estiverem mais ou menos ocupados. Um método que irá continuar a ser utilizado no futuro para serviços exigentes.

“Temos muito processamento IA no smartphone, e muito acontece na nuvem. Acredito que, consoante estes sistemas se tornam mais eficientes, será possível que sejam realizados no aparelho, e tentaremos trazê-los para o aparelho, mas as coisas mais avançadas continuarão a ser realizadas na nuvem”, afirma Specht em resposta a uma pergunta do DN. “Vemos vantagens nestes dois métodos e deveremos continuar a utilizar ambos.”

Os algoritmos de IA no telemóvel correm no processador Tensor, que é desenvolvido pela própria Google dando prioridade a este tipo de software, mesmo - a julgar pelos benchmarks da especialidade - em detrimento da pura velocidade de processamento. Algo que é para continuar: “O Tensor é para nós, para a imagem, um componente-chave para criar todo o sistema da câmara. A capacidade de tirar fotos ótimas não é apenas uma questão de megapíxeis ou o processador mais rápido. É uma combinação de hardware, software incrível e chips fantásticos. Nós apostamos mesmo em continuar a levar ao máximo estas três áreas e o Tensor é uma grande parte disso.”

Isto para fazer, cada vez mais, destes aparelhos, “câmaras fotográficas com telefone”, nas palavras de Michael Specht. As fotos neste artigo, todas tiradas pelo próprio com um Pixel 8, assim o demonstram.