Legislativas
20 janeiro 2024 às 13h04
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Ex-deputado do PSD Maló de Abreu é candidato pelo Chega

O ex-deputado do PSD tinha rejeitado aceitar integrar listas do partido, mas este sábado André Ventura confirmou. Presidente do Chega avançou ainda que haverá mais nomes provenientes de outros partidos e atacou a AD por admitir viabilizar eventual Governo do PS.

Redação

António Maló de Abreu será o cabeça de lista do Chega pelo círculo Fora da Europa, anunciou este sábado André Ventura.

"Gostava de confirmar que enderecei o convite formal a António Maló de Abreu para encabeçar a lista do Chega pelo círculo fora da Europa. Depois de conversarmos, [Maló de Abreu] aceitou integrar a lista do Chega", disse André Ventura, acrescentando que se candidatará como independente pelo Chega.

O ex-deputado do PSD, que anunciou no passado dia 10 a sua saída do PSD e da bancada social-democrata, tinha rejeitado aceitar integrar as listas do partido.

"Não, não. Tentam enlamear a minha posição dizendo que vou mudar de camisola. O Chega não me fez nenhum convite, nenhum partido me fez nenhum convite", afirmou há pouco mais de uma semana. E mais. Quando questionado se aceitaria um eventual convite do partido de André Ventura, disse que "em princípio não" e que "neste momento" não está disponível para "absolutamente nada" e que tinha a sua vida organizada.

Este sábado, na conferência de imprensa, o líder do Chega anunciou Maló Abreu nas listas do partido. Revelou ainda que Manuel Magno, que ocupou o segundo lugar da lista do PSD no círculo fora da Europa atrás de Maló de Abreu, vai igualmente integrar a candidatura do Chega pelo mesmo círculo eleitoral, e sublinhou ser "um orgulho receber aqueles que vêm por bem" para o seu partido.

André Ventura anunciou ainda os deputados Filipe Melo e Rui Afonso como cabeças de lista por Braga e pelo Porto respetivamente, e José Dias Fernandes pelo círculo da Europa.

Haverá mais nomes vindos de outros partidos

O presidente do Chega confirmou também que vai ele próprio liderar a lista pelo círculo de Lisboa e referiu que haverá mais nomes provenientes de outros partidos nas listas do Chega, quer como cabeças de lista, quer em lugares potencialmente não elegíveis.

"A maior parte não me bateu à porta a pedir lugares. Havia duas atitudes e falei disto com a direção nacional do partido: uma era fechar as portas; outra era dizer que queríamos pessoas independentes da sociedade civil, mas também de outros partidos. Não foi o que aconteceu comigo? Praticamente todos que estão comigo na direção estiveram noutros partidos", notou.

Questionado se essa abertura a elementos dos outros partidos pode ser vista pelo eleitorado como um sinal de oportunismo, André Ventura lembrou que vários já tinham declarado previamente que não queriam integrar as listas dos respetivos partidos por não se reverem nas suas estratégias políticas.

"Os eleitores avaliarão as escolhas. O Chega quer vencer as eleições. E para vencer tenho de contar com o grupo central do Chega, mas também com outros: sociedade civil, independentes e os que nos queiram ajudar a construir essa alternativa. Não teremos maioria se não contarmos com todos", disse.

Para o líder do partido de extrema-direita, existe no PSD uma "atitude persecutória a antigos dirigentes ou a Passos Coelho ou a aqueles que andaram com ele", considerando isso negativo para a direita e alertando para as possibilidades de uma nova vitória do PS nas legislativas.

"Precisamos de todos para ganhar e quem acha que isto está ganho vai ter um banho de realidade no dia 10 de março. Quem achar que o PS está vencido e que é fácil de vencer, lembre-se das eleições de 2022. Já havia empates técnicos e o PS vence com maioria absoluta... se isto não é um banho de realidade que a direita deva aprender, então é porque estão cá há pouco tempo. A experiência permite-me dizer: nunca dar o PS por vencido. Os que dão o PS por vencido antecipadamente acabam por ir para casa mais cedo", concluiu.

André Ventura ataca AD

Nesrta mesma conferência de imprensa, o presidente do Chega criticou a Aliança Democrática (AD) por admitir viabilizar um eventual Governo minoritário do PS com uma maioria de direita no parlamento, apontando um "sentimento de revolta" entre PSD, CDS e IL.

"A AD assume que viabilizará um governo PS, mesmo que haja uma maioria Chega, PSD e IL no parlamento. Este facto motivou nas últimas semanas um enorme sentimento de revolta em muitas hostes de PSD, IL e CDS", afirmou André Ventura, em alusão a uma declaração do presidente do CDS, Nuno Melo, nesse sentido.

Ventura defendeu, por isso, ser "absolutamente compreensível" que elementos anteriormente ligados a estes partidos estejam a aproximar-se do Chega, com alguns, como o ex-social-democrata Maló de Abreu, a encabeçar listas do Chega para as eleições legislativas de 10 de março.

"Ao Chega já pouco surpreendem os responsáveis da AD. Foi dito e é natural que uma grande franja dos homens e mulheres destes partidos se sintam desiludidos, incapazes de construir alternativa ao PS e frustrados com um sentimento 'de bengala' que a AD diz querer ser em relação ao PS", frisou.