EUA
17 março 2024 às 22h55
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Trump em comício: “banho de sangue”, fim das eleições e imigrantes não-humanos

Porta-voz do republicano diz que declarações foram tiradas do contexto, mas não desmentiu a retórica desumanizadora contra os imigrantes.

A campanha de Donald Trump tentou desvalorizar algumas das mais controversas frases que o candidato proferiu num comício em Vandalia, no estado do Ohio, em especial quando afirmou que, caso não vencesse as eleições de 5 de novembro, o país iria conhecer “um banho de sangue”. Para o porta-voz da campanha, Steven Cheung, Trump estava a falar sobre o impacto de um segundo mandato de Biden na indústria automóvel e na economia em geral.

“O desonesto Joe Biden e a sua campanha estão a fazer uma montagem enganosa e fora do contexto”, afirmou Cheung. Trump estava a prometer combater os planos da indústria automóvel chinesa, com fábricas no México, aplicando taxas aduaneiras. “Agora, se eu não for eleito, vai ser um banho de sangue para todos. Isso será o mínimo. Vai ser um banho de sangue para o país”, afirmou.

Indicação de que não se referia apenas à indústria automóvel, Trump disse pouco depois que não tinha a certeza de que, se não fosse eleito, as próximas eleições presidenciais “não [fossem] as últimas” nos EUA. “Acho que se não ganharmos este país não vai ter outras eleições, ou pelo menos com significado”, prosseguiu, antes de dizer que 5 de novembro é “a data mais importante na história” dos Estados Unidos. 

As declarações do ex-presidente, cuja equipa de advogados tem conseguido adiar o início de quatro julgamentos, levou a que a campanha de Joe Biden respondesse também com dramatização ao acusar Trump de aumentar “as suas ameaças de violência política”. O porta-voz da campanha de Biden, James Singer, afirmou em comunicado: “Ele [Trump] quer outro 6 de janeiro, mas o povo norte-americano vai dar-lhe outra derrota eleitoral em novembro porque continua a rejeitar o seu extremismo, a sua afeição pela violência e a sua sede de vingança.”

Sobre a retórica contra os imigrantes não houve desmentido sobre palavras fora do contexto. Trump dixit: “Não sei se lhes podemos chamar pessoas. Nalguns casos não são pessoas, na minha opinião. Mas não me é permitido dizer isso, porque a esquerda radical diz que é uma coisa terrível de se dizer.”

Em outubro, Trump teve uma tirada que o levou a ser comparado com Hitler, ao afirmar que os imigrantes estão a “envenenar o sangue” dos EUA. O mais do que provável candidato republicano chamou ao fluxo de imigrantes de “invasão do Joe Biden”. O presidente tem acusado Trump de impedir a aprovação de legislação bipartidária para uma intervenção com mais meios na fronteira sul. 

Num jantar em Washington, Biden respondeu: “Um dos candidatos é demasiado velho e mentalmente incapaz para ser presidente”, disse sobre a corrida presidencial. “O outro tipo sou eu.”