Trabalhadores contra aumentos salariais de 3,25%
01 março 2024 às 08h28
Atualizado em 01 março 2024 às 11h41
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Greve na CGD. Sindicato fala em centenas de agências fechadas. Banco diz que adesão é "pouco significativa"

Os trabalhadores da CGD cumprem um dia de greve contra aumentos salariais de 3,25% que os sindicatos consideram "irrisórios" face ao custo de vida e lucros que terão atingido os 1.000 milhões de euros. Banco lamenta greve em "pleno período negocial".

A greve desta sexta-feira dos trabalhadores da Caixa Geral de Depósitos (CGD) regista uma adesão de 70% e encerrou "centenas de agências", segundo fonte sindical, garantindo o banco que 92% das agências estão abertas e a adesão é "pouco significativa".

Em comunicado, o Sindicato dos Trabalhadores das Empresas do Grupo CGD (STEC) - a organização sindical mais representativa dos trabalhadores do grupo e responsável pela convocação da greve, à qual se juntaram posteriormente o Mais Sindicato, SBN, SBC, Sintaf e SNQTB -- sustenta que a paralisação "está a ser um êxito, com uma adesão estimada até ao momento na ordem dos 70%".

Segundo o STEC, há "centenas de agências encerradas e outras com a porta fechada, sem condições mínimas para prestar qualquer atendimento ou realizar operações".

Contactada pela agência Lusa, a direção de Gestão e Desenvolvimento de Pessoas da CGD contrapõe, contudo, que "92% das agências estão abertas em todo o país" e que a totalidade dos Gabinetes de Empresa estão a operar.

"O perfil de transações registadas nos diversos canais não sofreu alterações face aos dias anteriores", assegura a Caixa, garantindo que "o número de pessoas que aderiram está registado em sistema" e que "os números avançados pelos sindicatos estão completamente fora da realidade, tendo a adesão registada sido pouco significativa".

"A administração, como é hábito, tentou e tentará, por todas as formas, minimizar e deturpar a real dimensão desta greve, subvalorizando e desvirtuando o verdadeiro número de aderentes", adverte o STEC, segundo o qual, "de norte a sul, passando pelas ilhas, não há agências da CGD a funcionar com normalidade".

O sindicato adverte que, "para a CGD, a simples presença da gerência, sem efetuar transações será motivo para serem estatisticamente contabilizadas como operacionais, descurando por completo todos os procedimentos internos de segurança".

Para o sindicato, os números de adesão à greve, "apesar das muitas tentativas de desmobilização perpetradas através de pressões, repressões e ameaças veladas", demonstram que "os trabalhadores da CGD não se deixaram condicionar ou atemorizar".

A Caixa Geral de Depósitos (CGD) já antes tinha defendido que a greve desta sexta-feira mostra a "politização" das estruturas sindicais, considerando que só acontece por se tratar do banco do Estado, segundo comunicado divulgado pela instituição.

"A CGD lamenta que os sindicatos tenham decidido realizar uma greve em pleno período negocial, quando a Caixa aprovou, para todos os colaboradores no ativo, pré-reformados e reformados, uma atualização salarial média de 3,25%, como antecipação da revisão que vier a ser acordada nos processos negociais que, reforçamos, estão em curso", realçou.

Para o banco liderado por Paulo Macedo, "convocada para um dia em que o país está em plena campanha eleitoral, esta greve demonstra a politização por parte das estruturas sindicais", apontou o banco público, lamentando que aconteça "no decurso normal de um processo negocial, e após a realização de apenas três reuniões negociais, nas quais a CGD melhorou a sua proposta e encontrava-se a aguardar nova proposta dos sindicatos".

"Quando as propostas conhecidas são de 2,5% (Crédito Agrícola), 2,125% (Millennium bcp) e 2% (Santander, NB, BPI, Montepio, Barclays e BBVA, entre outros)", os sindicatos "entenderam desvalorizar as negociações através de um pré-aviso de greve que só acontece na Caixa, prejudicando apenas os clientes do banco do Estado", lamentou.

"O caminho feito pela Caixa nos últimos anos consolidou as condições para que tenhamos hoje uma CGD relevante no setor bancário nacional, com uma saúde financeira que é ímpar neste século", garantiu.

Segundo a CGD, a sua melhoria da rentabilidade "perspetiva o pagamento integral da recapitalização, que foi alvo no ano de 2017, a muito breve prazo" e permite, assegurou, "ter uma tabela salarial que é cerca de 20% superior à do setor e ter uma remuneração bruta total mensal mínima de 1.519 euros, e média de 2.717 euros".

O banco apontou ainda os jovens, que "tiveram as bolsas mais baixas aumentadas em 7,8%", adiantando que "um estagiário, com o novo subsídio de refeição, recebe entre 1.511 euros e 1.711 euros".

A CGD "preparou-se para minimizar o impacto que esta greve poderá ter", assegurando que "a esmagadora maioria das suas agências estarão abertas e a funcionar" e que "os serviços telefónicos foram reforçados para que possam esclarecer os clientes de qualquer dúvida durante as horas da greve".

"Recordamos que tem havido, nos últimos anos, consenso com a maioria dos sindicatos", disse a CGD, destacando que acredita que "a proposta apresentada valoriza o rendimento disponível dos colaboradores e promove a melhoria das condições de vida de todos os seus trabalhadores e aposentados, e por isso considera que esta greve só tem lugar por se tratar do banco do Estado", rematou.

Os trabalhadores da CGD cumprem esta sexta-feira um dia de greve contra aumentos salariais de 3,25% que os sindicatos consideram "irrisórios" face ao custo de vida e lucros que terão atingido os 1.000 milhões de euros.

A greve foi inicialmente convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores das Empresas do Grupo CGD (STEC), depois de o banco público ter revisto a sua proposta de atualização salarial ligeiramente, de 3% para 3,25%, considerando então o STEC (que pedia 5,9% com um mínimo de 110 euros) que se tratam aumentos "irrisórios e absurdos".

À convocação de greve juntaram posteriormente os sindicatos Mais Sindicato, SBN, SBC, Sintaf e SNQTB

Para as 12:00 está marcada uma concentração dos trabalhadores do banco público junto à sede da CGD, na avenida João XXI, em Lisboa.

Tópicos: greve, CGD