Um engenheiro da Divisão de Obras da Câmara de Ovar, em licença sem vencimento, passou a trabalhar numa obra adjudicada pela autarquia num concurso público que foi contestado por um dos concorrentes. O caso pode, segundo três juristas contactadas pelo DN, configurar uma situação de incompatibilidade, podendo estar em causa uma infração disciplinar, mas também os crimes de peculato e corrupção passiva.
Ricardo Reis está, como o DN confirmou ligando diretamente para o empreiteiro, a trabalhar para a Mário Ferreira Pinto e Filhos Lda desde janeiro, essencialmente na obra de requalificação do edifício municipal da Rua do Seixal, em Ovar. Ora, essa empreitada foi adjudicada pela Câmara de Ovar a Mário Ferreira Pinto a 17 de janeiro de 2024, como consta do Portal Base, por 1.357.086,92 euros. O preço foi, segundo, fonte oficial da autarquia, o único critério tido em conta no concurso “na modalidade monofator”, como a Câmara tem feito em todos os procedimentos do mesmo tipo.
Poucos dias depois da adjudicação, o concurso foi impugnado por um dos concorrentes, mas a Câmara de Ovar contestou a ação, sem suspender o contrato com a Mário Ferreira Pinto e Filhos Lda. “Esta ação não tem efeito suspensivo, nem tal foi requerido pela autora”, justifica fonte oficial da Câmara.