Portugal há 50 anos no DN
21 março 2024 às 01h03
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O atentado à princesa Ana de Inglaterra

A realeza britânica estava em destaque na primeira página do DN. A princesa Ana, irmã da rainha, foi alvo de um atentado. Escapou ilesa, tal como o marido. A inflação preocupava o governo e o General Spínola falava sobre o seu livro “Portugal e o Futuro”.

Era a primeira vez, em 34 anos, que havia um ataque a um membro da realeza. Há 50 anos, o atentado que ameaçou a princesa Ana, filha da rainha Isabel II, e o marido, Mark Phillips, dominava a primeira página do DN. “A princesa Ana e o seu marido, Mark Phillips, sobreviveram, esta noite, a uma tentativa de assassínio e foram descritos, mais tarde, como ‘ilesos mas abalados’”, podia ler-se na manchete principal do jornal, que ocupava grande parte do canto superior direito da primeira página. “Foi o primeiro ataque a um membro da família real em 34 anos. O casal esteve deitado, na sua limusina, durante alguns minutos, enquanto um homem armado tentou, desesperadamente, abrir a porta do veículo. Mais tarde foi preso”. 


Deste atentado, além do carro crivado de balas, saldaram-se quatro feridos. “O detective pessoal da princesa Ana, o motorista do automóvel, um polícia uniformizado e um jornalista que passava no local, ficaram feridos quando o assaltante disparou, indiscriminadamente, com uma pistola”.


No que tocava aos assuntos internos do país a inflação dominava as preocupações do governo. “Preocupação dominante: A política anti-inflacionista”, podia ler-se em título. “Precisamos de actuar de modo a fazer acrescer rapidamente a oferta de bens e serviços de toda a espécie”, afirmava, à época, o ministro da Indústria e da Energia, Daniel Barbosa. 


Em destaque, na primeira página do jornal, havia ainda uma crónica da escritora Agustina Bessa-Luís, intitulada “O Rabi de Praga” e outros assuntos, com menor destaque, como as declarações do presidente brasileiro, general Geisel, que afirmava: “O Brasil vai interessar-se pelos países irmãos quer da América do Sul quer do Ultramar”. 


De Moçambique vinham declarações do Governador Geral “Não estamos em tempo de complacências de meias palavras ou atitudes dúbias”. Na televisão francesa, o General Spínola, dava conta de que o seu livro, “Portugal e o Futuro”, não teria sido devidamente interpretado e que não teria “divergências fundamentais de opinião”, relativamente à política portuguesa. “Prossigo a minha vida ao serviço do meu país”, dizia. E quando questionado se continuava a ser general, afirmou: “Evidentemente que sim”.