Telavive e Teerão prosseguiram, na terça-feira, a troca de advertências sobre possíveis retaliações. Em paralelo, Israel, Estados Unidos e países europeus mostraram-se alinhados no que respeita ao endurecimento das sanções ao Irão.
O chefe da diplomacia israelita anunciou ter escrito para 32 países instando-os a impor sanções ao programa de mísseis do Irão e ao mesmo tempo em designar o Corpo de Guardas da Revolução Islâmica como organização terrorista. Israel Katz disse estar “a liderar uma ofensiva diplomática contra o Irão” numa mensagem na rede social X. Segundo Katz, estas medidas ajudarão a “conter e enfraquecer o Irão”, país que, afirma, “tem de ser travado agora antes que seja tarde demais”.
Do maior aliado de Israel, os EUA, Telavive ouviu a secretária do Tesouro dizer que estão previstas “medidas adicionais de sanções contra o Irão nos próximos dias”. Janet Yellen, porém, escusou-se a pormenorizar sobre que penalizações Washington vai incidir, tendo destacado que o Tesouro dos EUA “visou mais de 500 pessoas e entidades ligadas ao terrorismo e ao financiamento do terrorismo pelo regime iraniano” desde a tomada de posse de Joe Biden, em 2021. O grupo das maiores economias (G7) já havia informado estar a considerar novas sanções, tendo a Itália mostrado ser a favor de sanções a indivíduos ligados ao ataque de sábado.
Após uma reunião dos 27 chefes da diplomacia, em antecipação a um Conselho Europeu extraordinário, que decorre quarta e quinta-feira, o alto representante Josep Borrell disse em Bruxelas que prepara-se a expansão das sanções ao nível dos mísseis, quer para a Rússia, quer para os aliados regionais do Irão. Esta ideia já tinha sido advogada pela ministra dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Annalena Baerbock, como lembrou antes da viagem para Israel, ao dizer já tinha feito esse pedido “à França e a outros parceiros da UE para que o regime de sanções contra os drones fosse alargado” a outros equipamentos militares utilizados por Teerão e pelos seus mandatários.
A iniciativa diplomática de Baerbock - que se deslocou pela sétima vez a Israel desde os ataques de 7 de outubro - é replicada esta quarta-feira pelo homólogo britânico. Annalena Baerbock e David Cameron têm mostrado apoio a Telavive e, ao mesmo tempo, defendido que Israel não deve alimentar a espiral de violência e abster-se de retaliar ao ataque de mais de 300 drones e mísseis iranianos. Já David Cameron irá também discutir a ampliação das rotas humanitárias para Gaza, com destaque para a abertura do porto de Ashdod e uma nova travessia a partir do norte do enclave.
O gabinete de guerra israelita deu lugar na terça-feira a uma reunião de Benjamin Netanyahu com menos intervenientes e sem comentários no final. Estes foram deixados para o já referido ministro Katz, e para o porta-voz das forças armadas, Daniel Hagari, que reiterou que o Irão não ficará “impune”.
Na véspera, o gabinete de guerra terá concluído que haverá uma retaliação porque não pode deixar o regime iraniano “estabelecer a equação” de que qualquer ataque a interesses iranianos seja respondido com ataques diretos a Israel. No entanto, segundo o Canal 12, Telavive não quer desencadear uma guerra regional. À NBC News, altos funcionários dos Estados Unidos acreditam que a resposta israelita será “limitada” e deverá centrar-se em atingir alvos fora de território iraniano, seja no Líbano ou na Síria.
Do lado iraniano, o presidente Ebrahim Raisi, que falou ao telefone com Vladimir Putin, avisou que "a mais pequena ação contra os interesses do Irão será definitivamente recebida com uma resposta severa, extensa e dolorosa".