Sebastião Bugalho não nomeou o adversário eleitoral... mas Tânger Corrêa não tem poupado o cabeça de lista da AD.
Sebastião Bugalho não nomeou o adversário eleitoral... mas Tânger Corrêa não tem poupado o cabeça de lista da AD.

Bugalho vs. Tânger. Israel abre guerra à direita, que pode durar muito mais do que seis dias

Acusado de antissemitismo, Tânger Corrêa respondeu que Sebastião Bugalho é “uma pessoa malformada”. Cabeças de lista da AD e do Chega só irão debater no dia 21.
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As declarações do cabeça de lista do Chega, Tânger Corrêa, que admitiu a hipótese de os judeus que trabalhavam nas Torres Gémeas de Nova Iorque terem sido avisados para não irem trabalhar na manhã do 11 de Setembro de 2001, gerou uma guerra aberta na direita portuguesa que pode marcar a campanha para as eleições europeias.

Após ter acusado o adversário direto de “antissemitismo mais ou menos dissimulado”, o cabeça de lista da Aliança Democrática (AD), Sebastião Bugalho, foi rotulado de “pessoa malformada” pelo próprio Tânger Corrêa, com quem irá debater no dia 21, e de “pirralho” e “idiota imberbe” por outros membros do partido de André Ventura.

Logo após a entrevista de Tânger Corrêa à Rádio Observador, na manhã de sexta-feira, Bugalho escreveu na rede social X (ex-Twitter), que “o conspiracionismo e o antissemitismo mais ou menos dissimulado e tudo o que o acompanha são – foram sempre – inimigos da Democracia”, provocando uma primeira reação do cabeça de lista do Chega.

Tânger Corrêa disse ao DN que estava a ser alvo de “um ataque soez”, e acrescentou que “dizer que sou antissemita não passa pela cabeça de ninguém”, até porque na véspera almoçara com o embaixador de Israel, Dor Shapira. Apesar disso, a Embaixada de Israel em Portugal reagiu à entrevista, condenando “declarações conspirativas” e aconselhando os líderes a serem “mais cuidadosos e responsáveis” numa altura “em que o antissemitismo está a aumentar”.

Entrevistado pela TVI e CNN, nessa noite, Sebastião Bugalho disse que não faz, nem fará, ataques pessoais na campanha eleitoral, mas acusou o adversário de “incitar ao ódio” ao enveredar por “difamações” e “mentiras perigosas”. E que o raciocínio do embaixador de carreira, que é vice-presidente do Chega, “no fundo estava a responsabilizar o povo judeu pelo ataque de 11 de Setembro”.

Os ataques do Chega tinham começado logo a seguir à publicação de Bugalho, com a deputada Rita Matias a comentar que “a diferença entre um dos diplomatas mais conceituados do país” e “um comentador isento que chegou ao PSD no fim do mercado de transferências” é que Tânger Corrêa “não precisa de mentir para derrotar o sistema nas urnas”.

Mais tarde, a ex-conselheira nacional do Iniciativa Liberal (IL) Mariana Nina, que aderiu ao Chega, foi candidata nas legislativas e é a número 3 da lista às europeias, escreveu no Facebook que, tal como ela e o partido a que ambos pertencem, Tânger Corrêa ama Israel. A candidata ao Parlamento Europeu também não poupou Bugalho, a quem apelidou de “pirralho”. “Circundam agora os abutres com o bico a pingar o ‘antissemitismo’ reservado aos infames que o proferem”, escreveu Mariana Nina, criticando “aqueles que se afadigam a destilar insinuações insólita a partir das declarações de um realista”.

A publicação foi comentada por Tânger Corrêa, que recomendou a audição da entrevista inteira, “em vez de dar atenção a excertos fora do contexto”, e lembrou ter sido embaixador de Portugal em Israel, “onde tenho inúmeros amigos” e “passei a minha vida a lutar, não só no sentido figurado”, afirmando que “Bugalho é claramente uma pessoa malformada e sem ideias”. 

No mesmo registo, o deputado Gabriel Mithá Ribeiro escreveu no Facebook que “não há paciência para o idiota imberbe que pouco ou nada de útil fez na vida, Sebastião Bugalho”. O DN procurou obter reação da AD a estes ataques, o que não foi possível até à hora desta notícia.

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