Taça de Portugal
02 abril 2024 às 08h10
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Benfica-Sporting, um dérbi com vista para o Jamor e para as decisões do título

Leões visitam o rival em vantagem (2-1) na procura por um lugar na final da prova que falta a Rúben Amorim, que já conta com Coates, mas não pode recorrer a Pedro Gonçalves (lesionado). Roger Schmidt tem equipa na máxima força e precisa de golos, mas não revela quem será o avançado escolhido para a missão.

Benfica ou Sporting. Um deles sairá esta terça-feira (20.45, RTP1) do Estádio da Luz como finalista da Taça de Portugal. Este é o primeiro de dois dérbis em cinco dias - os rivais voltam a encontrar no sábado, em Alvalade, para a 28.º jornada da I Liga - e vale um lugar no Jamor e a oportunidade para lutar por um troféu.

 O duelo da primeira mão da meia-final da Taça de Portugal resultou numa vantagem do Sporting por 2-1 (golos de Pedro Gonçalves e Gyökeres para os leões e de Aursnes para os encarnados), pelo que um empate basta para garantir um lugar na final do Estádio Nacional a 26 de maio. Nas 12 deslocações ao Estádio da Luz, para a prova rainha, os sportinguistas conseguiram três vitórias, dois empates (que hoje chega para passar) e sete derrotas. 

O Benfica seguirá para a final se repetir uma das três vitórias por dois ou mais golos, que alcançou em casa na história dos dérbis para a Taça, sendo que os quatro triunfos tangenciais dos encarnados levarão a discussão da eliminatória para prolongamento e, em última instância, para os penáltis.

Se o Sporting não levanta a Taça desde 2018 e procura a 30.ª presença na final e o 18.º troféu, o Benfica está em jejum de provas rainhas desde 2017 e quer a 39.ª final para alcançar a 27.ª taça. E se Roger Schmidt tem a equipa na máxima força, Rúben Amorim tem Coates de regresso, mas estará privado de Pedro Gonçalves, autor de um dos golos que ajudaram a equipa leonina a vencer a primeira mão, no dia 29 de fevereiro, mas que falhou os últimos dois jogos por lesão.

E será que recuperará para o dérbi de sábado? “Vamos jogar com a máxima força nos dois jogos. Acho que estará disponível, ele também acha que sim...até achava que podia jogar este, mas não faz sentido nenhum. Quer muito jogar, mas não vamos arriscar por um jogo porque temos outros jogadores”, esclareceu o treinador leonino, que pondera rodar o meio-campo na Luz.

Daniel Bragança fez de Hjulmand na Reboleira, diante do Estrela da Amadora (triunfo por 2-1) e foi dos melhores em campo. “O Dani teve um crescimento muito grande. Koba também é opção, mas o Dani elevou o seu jogo para um rendimento próximo ao de Morita e Hjulmand toda a época. Tendo pé esquerdo, dá-nos mais opções. Não vou revelar nada sobre o que vamos apresentar, mas é uma opção. Posso dizer que dois dos três vão ser titulares.”

Se a forma de jogar do Sporting “é clara, as ideias também”, mas o que dificulta mais a preparação são as características dos jogadores a enfrentar: “O Benfica tem trocado as características dos avançados, se joga João Mário, Rafa, Neres, se depois joga Florentino ou um médio mais de criação. Isso dificulta a preparação, mas sabemos da importância do jogo e queremos muito estar na final.” Por isso, Amorim apresenta um onze a pensar na forma como joga e no encaixe no adversário. 

Nos últimos quatro jogos com o Benfica, o Sporting esteve sempre em vantagem mas só ganhou um. Há algo que faça a equipa tremer nestes jogos? “Podemos ver que só ganhámos um mas também só perdemos um, o que revela muita igualdade. O que queremos é passar a eliminatória, vencer e melhorar nesses aspetos. É impossível uma equipa estar a dominar e a controlar e sofrer o 2-1. A equipa sente, demora tempo a ajustar e depois sofremos o segundo, que foi anulado. Não acusámos a pressão porque jogámos sempre bem. Podíamos ter acusado pressão no jogo que podia dar o título ao Benfica, aqui não. Estamos preparados para sermos melhores nesses pormenores”, respondeu o técnico leonino, analisando os últimos dérbis.

O jogo será arbitrado por João Pinheiro, muito criticado pelo presidente Frederico Varandas em dezembro. “Os jogadores não fazem ideia de quem é o árbitro, tenho a certeza. É o árbitro que foi escolhido e é seguir em frente, não será por isso que o resultado vai ser diferente. Não somos equipa para dar a iniciativa ao adversário. Somos um clube grande, que tem de perceber o momento do jogo. Não sabemos jogar de outra forma”, defendeu Amorim, sem querer analisar as polémicas arbitragens do fim de semana e defendendo que os árbitros erram, assim como os jogadores e treinadores.

Mudar comportamentos seria o ideal, mas isso não significa que seja uma solução: “Não vou estar a fingir que sou melhor do que os outros. Faz parte do jogo. Teríamos de ser melhores? Teríamos. Mas às vezes perdemos um bocado a noção. Se todos se zangam e andam à porrada fora dos estádios, imaginem nós que também vivemos as coisas de forma intensa. Quando se começam a desenrolar os campeonatos, sabemos como é. Queixamo-nos e refilamos. É assim. Fazemos todos o mesmo”, admitiu.

Já Roger Schmidt precisa de golos, mas não revelou quem será o avançado escolhido para a missão. Se Arthur Cabral, Tengstedt, Marcos Leonardo ou até Rafa Silva como homem mais avançado. “Temos várias opções, mas claro que precisamos de velocidade e criatividade, com um poder físico importante. Todos os pontas-de-lança têm o seu perfil, mas esperamos que todos consigam ter desempenhos parecidos do ponto de vista tático. Precisamos da qualidade individual dos jogadores e isto é algo que todos já demonstraram. Espero um jogo onde também precisaremos de depender dos suplentes. Temos de estar ao mais alto nível”, disse o treinador do Benfica na curta conferência de imprensa de antevisão do dérbi da Taça de Portugal.

Segundo o técnico alemão, há diferenças entre o duelo de hoje e o de Alvalade, em que os benfiquistas estiveram a perder por 2-0, mas acabaram por reduzir e relançar a eliminatória. “A primeira diferença é que jogamos em casa, a segunda é que é um jogo absolutamente decisivo. Trata-se de uma competição a eliminar. Tudo está muito claro. Temos uma desvantagem de um golo e temos 90 minutos para mexer com o resultado. Estamos motivados e queremos chegar à final. Temos de fazer um jogo de grande nível contra uma grande equipa e mostrar que merecemos estar na final”, explicou.

Schmidt foi depois questionado se, numa semana de dois dérbis, o de hoje, para a Taça de Portugal, poderá influenciar o desempenho das equipas no jogo de sábado e no resto da época. “Quanto mais perto do final da época, mais decisivos se tornam os jogos. Estamos nas meias-finais e chegámos ao ponto em que nos podemos qualificar para a final. No campeonato temos sete jogos e isto torna-se cada vez mais decisivo. É extremamente importante mantermos o foco em cada jogo, caso contrário será impossível jogar neste calendário tão apertado”, respondeu. 

O outro finalista sairá do duelo entre o V. Guimarães e o FC Porto, cuja primeira mão está agendada para as 20.15 horas de amanhã, no Estádio D. Afonso Henriques, enquanto o segundo jogo realiza-se no Dragão, a 17 de abril.

isaura.almeida@dn.pt