Habitação
01 abril 2024 às 00h43
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Investimento chinês em Lisboa cai para quase metade em 2023

Norte-americanos voltam à liderança do ranking do investimento estrangeiro e os franceses descem para 2.º lugar. Já o capital aplicado por britânicos aumentou 49%.

Lisboa está a perder a atratividade junto dos investidores chineses. No ano passado, só gastaram 54 milhões de euros na compra de habitação na capital, montante que representa uma queda de 46,5% face aos 101 milhões despendidos em 2022, revelam os dados da Confidencial Imobiliário sobre o mercado de Lisboa. Desde 2020, quando desembolsaram 183,8 milhões, o investimento chinês está a cair. Agora, representa apenas 6% do total aplicado por estrangeiros na aquisição de casas em Lisboa.

No ano passado, estes investidores gastaram um total de 911,8 milhões de euros na aquisição de habitação na capital, uma recuperação de apenas 0,2% face a 2022, exercício onde se verificou uma queda de 5%.

Ainda assim, e apesar do fim dos vistos gold, o investimento manteve-se na fasquia dos 900 milhões, valor que foi alcançado pela primeira vez em 2021, quando ultrapassou os 957 milhões. Para este desempenho, contribuiu o regresso em força dos norte-americanos, que reassumiram a liderança das nacionalidades que mais investiram em imóveis residenciais em Lisboa, no ano passado. Estes cidadãos aplicaram 141 milhões de euros em habitação, um aumento de 20% face ao exercício anterior.

Os franceses perderam a pole position no ranking, num ano em que desembolsaram 116,4 milhões de euros em imobiliário residencial, uma quebra de 27,5% face a 2022. 
Também a cair esteve o investimento proveniente do Brasil, que se fixou em 55,6 milhões, menos 15% - ocupando a quarta posição na lista dos maiores investidores estrangeiros -, e da Alemanha, que totalizou 54,2 milhões, um decréscimo de 10%, encontrando-se em quinto lugar.

Os britânicos, a par com os norte-americanos, foram os únicos cidadãos do Top-6 a reforçar as compras em 2023. Do Reino Unido chegaram 113 milhões de euros, um aumento de 49%, que elevou o país ao terceiro lugar do ranking.

No ano passado, duplicaram o investimento realizado pelos brasileiros, alemães e chineses.
A China, que já liderou esta lista e chegou a ser responsável por mais de 20% do investimento estrangeiro em Lisboa, foi perdendo expressão e está agora no último lugar.

O ticket médio pago pelos estrangeiros por uma casa em Lisboa atingiu no ano passado os 578 196 euros, um aumento de 8% face a 2022. A Freguesia da Estrela foi a que captou mais investimento, absorvendo 155,3 milhões de euros, seguiu-se Santo António, com 150,3 milhões, e Arroios, 113,7 milhões. Nestas três freguesias, registou-se uma subida dos montantes aplicados face a 2022. Santa Maria Maior (74,5 milhões), Misericórdia (72,2 milhões) e Avenidas Novas (67,5 milhões) fecham a lista das seis freguesias que mais atraíram estes investidores, embora nestes três casos o valor tenha decrescido quando comparado com o ano precedente.

Apesar do interesse dos estrangeiros estar mais concentrado nas zonas do centro da cidade, verifica-se um movimento de dispersão para os territórios de expansão urbana da capital, de que são exemplo Campolide, onde o investimento atingiu os 55,1 milhões, e Alcântara, que captou 31,7 milhões.

Vendas caíram 9%

No ano passado, o investimento total em habitação em Lisboa ficou pelos 2217 milhões de euros, uma descida de 9% face a 2022. Esta quebra deveu-se à retração do mercado doméstico.

Os portugueses gastaram 1306 milhões de euros, menos 14%, situação a que não será alheio o contexto económico vivido em 2023. Nesse ano, foram adquiridas 4746 casas, uma descida de 18%, das quais 3169 por nacionais (menos 23%) e 1577 por estrangeiros (-7%). 
O ticket médio despendido pelos nacionais subiu 12%, para 412 096 euros, reduzindo para 40% o gap (ainda assim elevado) entre os valores investidos pelos portugueses e pelos estrangeiros.

Embora os portugueses continuem a dominar o mercado - com 59% do montante investido e 67% das transações -, 2023 assume-se como o ano em que os estrangeiros deram um maior contributo para a atividade de venda de habitação na Área de Reabilitação Urbana (ARU) de Lisboa.

Estes dados, fornecidos pela Confidencial Imobiliário ao DN/ Dinheiro Vivo, dizem respeito à ÁRU de Lisboa, território que integra todas as freguesias da cidade, excluindo as do Parque das Nações, Lumiar e Santa Clara. As estatísticas referem-se às aquisições de imóveis residenciais livres de ónus realizadas por particulares.

sonia.s.pereira@dinheirovivo.pt

Tópicos: Habitação, China, Lisboa