25 de Abril
24 abril 2024 às 07h19
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Os avisos e reparos de Marcelo Rebelo de Sousa

A intervenção do Presidente não se afastará das mais recentes. Na tomada de posse do Governo, por exemplo, deixou este aviso: “Onde não temos problemas não os devemos criar.”

O discurso que Marcelo Rebelo de Sousa fará este ano na sessão solene (marcada para amanhã a partir das 11.30 no Parlamento) não deixará de fora os alertas e avisos alinhados com outras intervenções recentes.

Estas ressalvas têm-se, aliás, repetido nos discursos do Presidente da República nas sessões solenes do 25 de Abril. O de amanhã será o nono desde que fará desde que foi eleito Presidente da República, em 2016.

Nesse ano, deixava os primeiros conselhos. Portugal tinha de fazer mais. “Cuidar mais da língua, valorizar mais a cultura” de um país que devia ser “muito mais corajoso não só a recuperar a classe média ou a alimentar a circulação social, mas também a combater as assimetrias e a pobreza que nos deve envergonhar”. E pedia união “no essencial” não negando com isso “a riqueza do confronto democrático”.

No último 25 de Abril - marcado pela visita de Lula da Silva e consequente protesto do Chega no hemiciclo -, Marcelo falava nos anseios do povo, de “melhor democracia” e “mais crescimento”. Bem como “mais igualdade, mais justiça social, melhor educação, melhor saúde, melhor habitação, melhor solidariedade social, mais ambiente, visão intergeracional, papel da mulher, desempenho de jovens e de setores excluídos ou ignorados na sociedade”.

Numa das intervenções mais recentes que fez (nas comemorações do Dia do Combatente, a 7 de abril), Marcelo Rebelo de Sousa alertou para a necessidade de não “desbaratar um momento irrepetível”, ligado aos Fundos Europeus, com um horizonte curto: 2025, que, erradamente pode parecer distante.

E deixou ainda repetidos alertas ao estado das Forças Armadas. Forças fortes “são navios, aviões e blindados, mas são, sobretudo, quem os navega, os pilota e os conduz, e que ou têm estatuto condigno para serem militares e se manterem militares ou se pode desbaratar um momento irrepetível na nossa História”.

Desde que foi eleito Presidente pela primeira vez, Marcelo não tem esquecido as Forças Armadas nas intervenções. Logo nesse ano dizia que era necessário “dignificar, reforçar e conferir” capacidades de afirmação ao setor.

E na tomada de posse do Governo de Montenegro, mais um aviso: o de que se adivinha um cenário “complexo” para governar, com um cenário internacional que “pode piorar”. Frisou ainda que o tempo para fazer as reformas necessárias e para executar fundos comunitários “é muito longo em teoria”, mas, para cumprir o que é “muito urgente” e o que foi “prometido em campanha” é, afinal, “muito curto”. “Onde não temos problemas não os devemos criar, como no consenso sobre mais crescimento, investimento e exportações, no equilíbrio da contas públicas, na atenção à dívida externa, pública e privada, no aproveitamento das vantagens da segurança e certezas nacionais perante a insegurança e incerteza internacionais”.

Com Artur Cassiano