Outros miúdos presentes na manifestação também foram levados pelos pais e mães, como forma de mostrar desde cedo que todas as pessoas são iguais. Uma menina de seis anos desenhou um cartaz em que compara o racismo aos dejetos humanos. “Ela já tem noção do que é o racismo, nós ensinamos porque cremos numa sociedade justa”, explicou o pai, Hugo Henrique. Partilha do mesmo pensamento Joana Deus, que levou a filha de seis anos ao protesto junto com um amigo de 10 anos. De mãos dadas, diziam “não passarão”. Conforme Joana, as escolas “falham muito em ensinar o tema”.
O arquiteto Euclides Vilela, de 64 anos, afirmou ao DN estar na manifestação “pelos filhos e futuras gerações”. Nascido na Guiné-Bissau, afirmou que o racismo sempre existiu, mas que agora o fenómeno é mais visível. “É nosso dever acabar com o racismo e a xenofobia”, destacou.
A manifestação também recordou a memória de pessoas assassinadas por motivação racial, como Bruno Candé, ator português vítima de homicídio em 2020, e Alcindo Monteiro, espancado até à morte por um grupo de nacionalistas em 1995. O ato ainda recordou vítimas de outros países, nomeadamente Mariele Franco, vereadora brasileira morta a tiro em 2016. A violência policial foi outro tema do protesto, com cartazes sobre o caso Cláudia Simões, agredida pela polícia na Amadora em 2020.
José Rui Rosário, do coletivo Kilombo e um dos porta-vozes do evento, avaliou como significativa a participação do público. “Nunca sabemos quantos virão, todos são sempre bem-vindos, se fossem apenas duas pessoas já era uma manifestação pela causa”, referiu ao DN.