Ucrânia
26 abril 2024 às 22h54
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China entre a preocupação dos EUA e as críticas à NATO

Zelensky insistiu ontem na necessidade de mais armamento, nomeadamente mísseis de longo alcance e sistemas de defesa aérea.

O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, transmitiu ontem ao presidente chinês, Xi Jinping, as preocupações de Washington sobre as posições de Pequim quanto à Ucrânia e à guerra com a Rússia, nomeadamente o fornecimento de materiais a Moscovo, incluindo máquinas-ferramentas e microeletrónica, que o líder russo, Vladimir Putin, utiliza para reforçar as defesas do seu país e as ações contra a Kiev. 

“A Rússia teria dificuldade em manter o seu ataque à Ucrânia sem o apoio da China”, afirmou Blinken aos jornalistas após a reunião com Xi em Pequim, numa citação divulgada pela AP. Para o líder da diplomacia dos Estados Unidos, “alimentar a base industrial de defesa da Rússia não só ameaça a segurança ucraniana, como também ameaça a segurança europeia”, lembrando que “como já dissemos à China há algum tempo, garantir a segurança transatlântica é um interesse fundamental dos Estados Unidos. Nas nossas discussões de hoje deixei claro que a China não aborda este problema”.

Estas declarações foram feitas no dia em que Pequim tornou público que considera infundadas as críticas do secretário-geral da NATO, que acusou a China de estar a fornecer tecnologia militar à Rússia na campanha contra a Ucrânia.

Para o o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Wenbing, os comentários de Jens Stoltenberg são “destinados apenas a desviar as culpas e a inflamar as tensões contra” a República Popular da China. “São acusações infundadas”, acrescentou Wang, antes de garantir que o país “não é nem o criador nem uma parte desta crise”, referindo-se à guerra na Ucrânia.

A mesma fonte frisou que a China “não fornece material de armamento às partes em conflito e controla rigorosamente qualquer exportação” dos chamados “artigos de dupla utilização, como veículos aéreos não tripulados” que podem ser usados tanto para fins civis como militares.

Stoltenberg também descreveu ontem como “perigosos e inaceitáveis” os alegados casos de espionagem pró-russa na Alemanha e no Reino Unido, e avisou que os aliados estão a coordenar a reação a atos hostis. “Temos de estar atentos às atividades secretas da Rússia no território da aliança”, afirmou o líder da NATO, em Berlim, ao lado do chanceler alemão, Olaf Scholz.

As autoridades alemãs detiveram na semana passada dois indivíduos acusados de espionagem e de preparar sabotagens em nome de Moscovo, enquanto dois britânicos foram acusados ontem de cooperar com os serviços secretos russos. “Estas medidas de espionagem são perigosas e inaceitáveis, e não nos impedirão de continuar a apoiar a Ucrânia”, disse Stoltenberg, enquanto que Scholz defendeu que “devemos todos fazer mais esforços este ano e nos próximos para fazer o que é necessário”.

Já o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, insistiu ontem durante um encontro do Grupo de Contacto para a Defesa da Ucrânia na necessidade de mais armamento, apontando a mísseis de longo alcance e sistemas de defesa aérea, entre os quais “pelo menos sete” Patriot.

com agências