PR fala sobre o caso num jantar
24 abril 2024 às 11h41
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"É imperdoável". Marcelo confirma que cortou relações com o filho após caso das gémeas brasileiras

Declaração foi realizada terça-feira à noite num jantar com jornalistas estrangeiros que trabalham em Lisboa.

Depois da polémica com as gémeas brasileiras, o presidente Marcelo Rebelo de Sousa cortou relações com o filho Nuno Rebelo de Sousa, de 50 anos. “Isso é imperdoável, porque ele sabe que eu tenho um cargo público e político e pago por isso", afimou o chefe de estado. A declaração foi realizada terça-feira à noite, num jantar com jornalistas estrangeiros que vivem em Portugal, no qual o DN participou.

Foi Marcelo Rebelo de Sousa quem antecipou o tema, antes de ser questionado sobre o assunto das gémeas. O presidente está a ser investigado pelo Ministério Público pelo caso, onde há suspeitas de uma suposta ajuda do Presidente português no recebimento de um tratamento médico para duas crianças brasileiras com nacionalidade portuguesa. O tratamento custou quatro milhões de euros ao Sistema Nacional de Saúde (SNS).

Ao mesmo tempo, o PR destacou que a relação dos dois já passava por problemas e o distanciamento já existia meses antes do caso vir a público. Um dos episódios foi uma viagem ao Brasil, em que Nuno marcou um jantar com personalidades políticas. "O objetivo dele era chegar até mim", contou. Marcelo declinou do convite.

O Chefe de Estado admitiu que o corte de relações com o filho "custa", mas há "piores coisas na vida". Sobre a responsabilização do filho, disse que a decisão não o interessa. "Essa é uma das vantagens de se cortar. Ele tem 51 anos, se fosse o meu neto mais velho e preferido, com 20 anos, eu iria sentir-me corresponsável. Mas, com 51 anos, é maior e vacinado", refletiu. "Se fosse com um dos meus netos preferidos, com 20, 21 anos, me sentiria mais responsável e sofreria mais", acrescentou. O Presidente contou que, no Natal, já estava com as relações cortadas com o filho, mas não foi um problema. "Foi um Natal bastante tranquilo e agradável", confessou.

O que custa, de acordo com o Chefe de Estado, é o distanciamento dos netos. Outro episódio que o PR destacou foi saber que Nuno pousou em Lisboa "disfarçado". Sobre a forma como a população portuguesa viu o caso, Marcelo disse que a situação o afetou pessoalmente, mas que entre o público não foi abalada. "As gémeas foram um fenómeno adicional, mas não me desgastou politicamente, me desgastou pessoalmente", analisa.

Sobre uma possível Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Parlamento, disse "veremos depois de 9 de junho". Em relação ao caso em si, Marcelo repetiu o que já havia dito publicamente, que não conhece as gémeas, mas que espera um dia conhecê-las, "quando forem maiores". 

O jantar com os jornalistas foi um convite do próprio chefe de estado, nesta edição, em celebração aos 50 anos do 25 de Abril. Tradicionalmente, Marcelo reúne-se uma vez por ano com os profissionais que são sócios da Associação da Imprensa Estrangeira de Portugal (AIEP). O atual presidente da entidade é o jornalista Vicente Nunes, correspondente do jornal Correio Braziliense, com sede em Brasília.