Rússia
16 março 2024 às 23h21
Leitura: 9 min

Drones, ciberataques e sabotagens marcam reeleição de Putin

Terminam neste domingo as eleições que vão conceder novo mandato de seis anos a Putin. Não há margem para surpresas, mas a votação está a ser marcada por protestos internos e por ataques externos.  

Eleitores na Rússia mas também nas regiões ocupadas da Ucrânia votaram pelo segundo e penúltimo dia num sufrágio em que o vencedor já estava determinado, mas que ainda assim levou mais de metade dos nomes nos cadernos eleitorais a votar. A votação ficou marcada pelos ataques com drones a Belgorod, por parte da Ucrânia, a ações de sabotagem e de vandalismo de ativistas russos, e de ciberataques oriundos do estrangeiros nas primeiras eleições russas com voto eletrónico.

Enquanto nas regiões anexadas ilegalmente pela Rússia os ucranianos são coagidos a votar, as forças ucranianas e voluntários russos contra o regime de Putin tentam desestabilizar o ato eleitoral que o Kremlin deseja apresentar como um triunfo. Duas pessoas foram mortas em bombardeamentos ucranianos por drones em Belgorod, que dista 80 quilómetros da segunda maior cidade ucraniana, Kharkiv.

O governador da região, Vyacheslav Gladkov, ordenou o encerramento de centros comerciais e escolas na próxima semana devido à insegurança. As autoridades locais negaram relatos de explosões em assembleias de voto na cidade fronteiriça, segundo a agência russa Tass. No entanto, a acreditar nos voluntários russos a combater pela Ucrânia, através do chamado Corpo de Voluntários Russos (RDK), estes terão capturado 25 militares russos. “A operação militar limitada nas regiões de Belgorod e Kursk continua e aqui está a confirmação: um novo lote de prisioneiros das Forças Armadas russas”, disse o grupo.

Kiev reivindicou ainda um ataque com aeronaves não tripuladas na região de Samara, mais próximo do Cazaquistão do que da Ucrânia. O ataque provocou um incêndio numa refinaria de petróleo pertencente à Rosneft. Também com drones, mas na região ocupada de Zaporíjia, uma assembleia de voto foi atingida. No primeiro dia de votação, uma explosão junto de uma assembleia de voto na localidade de Skadovsk, em Kherson, na margem esquerda do Dniepre, terá ferido cinco soldados russos.

Os ataques também têm decorrido no ciberespaço. As autoridades russas disseram que a infraestrutura eleitoral foi alvo de 90 mil ciberataques só na sexta-feira. Entre os ataques informáticos que Moscovo dizem ser originários da Ucrânia, Europa ocidental e América do Norte, destaque para “dois milhões de votos falsos por segundo” em dado momento.

Mas os ataques não vieram apenas do exterior. Foram registados casos de vandalismo nas assembleias de voto, incluindo um incêndio e várias pessoas a deitarem líquido verde nas urnas, no que será uma homenagem a Alexai Navalny, que em 2017 foi atacado na cara com um desinfetante verde. Os deputados russos já sugeriram leis mais repressivas para punir os sabotadores eleitorais com penas até oito anos de prisão.

Roma quer estratégia clara

“O Ocidente deve evitar declarações grandiloquentes, como enviar a NATO para a Ucrânia para fazer boa figura. Ou evitar dividir-se em reuniões de dois ou três, quando somos 27 na Europa”, disse o ministro da Defesa de Itália, Guido Crosetto, numa entrevista ao diário La Repubblica. Ao apelar para uma estratégia unida, o secretário-geral dos Irmãos de Itália, partido de extrema-direita da PM Giorgia Meloni, criticou as recentes declarações do presidente francês e a reunião entre a Alemanha, a França e a Polónia, realizada na sexta-feira, dizendo que era “impraticável” dividir a coligação europeia que apoiava a Ucrânia. Para fazer frente à Rússia, “um monólito”, Crosetto propõe “uma estratégia clara, não-contraditória, e talvez construída em conjunto como uma coligação”. O ministro disse ainda que o seu país não enviará tropas para a Ucrânia.

Defesa antiaérea a esgotar-se

Dirigentes ucranianos fizeram soar os alarmes ao admitir a políticos europeus e norte-americanos que as provisões de munições para alguns dos seus sistemas de defesa antimíssil podem esgotar-se no final do mês, disseram duas fontes ao Washington Post. 

O duplo ataque russo a Odessa na sexta-feira, que causou 21 mortos e mais de 70 feridos poderá já ser consequência da falta de munições. As fontes explicaram que antes as forças ucranianas tentava abater quatro em cada cinco mísseis disparados contra as suas cidades, em breve só poderá tentar alvejar apenas um em cada cinco.

Macron em breve em Kiev


O vice-chefe de gabinete de Volodymyr Zelensky confirmou a visita do presidente francês Emmanuel Macron à Ucrânia. Em declarações televisivas, Ihor Zhovka, destacou a importância da visita do chefe de Estado francês, tendo dito que na ocasião serão assinados acordos. Há dias, a Assembleia Nacional francesa aprovou o acordo de segurança bilateral, válido por 10 anos, e que inclui a transferência de 3 mil milhões de euros de ajuda em 2024. Em meados de janeiro, o Eliseu anunciou a visita de Macron à Ucrânia em fevereiro, tendo sido prometido entregar dezenas de mísseis de longo alcance SCALP. Mas quase um mês depois soube-se que a visita tinha sido adiada por razões de segurança.

cesar.avo@dn.pt

“O Ocidente deve evitar declarações grandiloquentes, como enviar a NATO para a Ucrânia para fazer boa figura. Ou evitar dividir-se em reuniões de dois ou três, quando somos 27 na Europa”, disse o ministro da Defesa de Itália, Guido Crosetto, numa entrevista ao diário La Repubblica. Ao apelar para uma estratégia unida, o secretário-geral dos Irmãos de Itália, partido de extrema-direita da PM Giorgia Meloni, criticou as recentes declarações do presidente francês e a reunião entre a Alemanha, a França e a Polónia, realizada na sexta-feira, dizendo que era “impraticável” dividir a coligação europeia que apoiava a Ucrânia. Para fazer frente à Rússia, “um monólito”, Crosetto propõe “uma estratégia clara, não-contraditória, e talvez construída em conjunto como uma coligação”. O ministro disse ainda que o seu país não enviará tropas para a Ucrânia.

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Dirigentes ucranianos fizeram soar os alarmes ao admitir a políticos europeus e norte-americanos que as provisões de munições para alguns dos seus sistemas de defesa antimíssil podem esgotar-se no final do mês, disseram duas fontes ao Washington Post. O duplo ataque russo a Odessa na sexta-feira, que causou 21 mortos e mais de 70 feridos poderá já ser consequência da falta de munições. As fontes explicaram que antes as forças ucranianas tentava abater quatro em cada cinco mísseis disparados contra as suas cidades, em breve só poderá tentar alvejar apenas um em cada cinco.

Macron em breve em Kiev
O vice-chefe de gabinete de Volodymyr Zelensky confirmou a visita do presidente francês Emmanuel Macron à Ucrânia. Em declarações televisivas, Ihor Zhovka, destacou a importância da visita do chefe de Estado francês, tendo dito que na ocasião serão assinados acordos. Há dias, a Assembleia Nacional francesa aprovou o acordo de segurança bilateral, válido por 10 anos, e que inclui a transferência de 3 mil milhões de euros de ajuda em 2024. Em meados de janeiro, o Eliseu anunciou a visita de Macron à Ucrânia em fevereiro, tendo sido prometido entregar dezenas de mísseis de longo alcance SCALP. Mas quase um mês depois soube-se que a visita tinha sido adiada por razões de segurança.

cesar.avo@dn.pt