Eleitores na Rússia mas também nas regiões ocupadas da Ucrânia votaram pelo segundo e penúltimo dia num sufrágio em que o vencedor já estava determinado, mas que ainda assim levou mais de metade dos nomes nos cadernos eleitorais a votar. A votação ficou marcada pelos ataques com drones a Belgorod, por parte da Ucrânia, a ações de sabotagem e de vandalismo de ativistas russos, e de ciberataques oriundos do estrangeiros nas primeiras eleições russas com voto eletrónico.
Enquanto nas regiões anexadas ilegalmente pela Rússia os ucranianos são coagidos a votar, as forças ucranianas e voluntários russos contra o regime de Putin tentam desestabilizar o ato eleitoral que o Kremlin deseja apresentar como um triunfo. Duas pessoas foram mortas em bombardeamentos ucranianos por drones em Belgorod, que dista 80 quilómetros da segunda maior cidade ucraniana, Kharkiv.
O governador da região, Vyacheslav Gladkov, ordenou o encerramento de centros comerciais e escolas na próxima semana devido à insegurança. As autoridades locais negaram relatos de explosões em assembleias de voto na cidade fronteiriça, segundo a agência russa Tass. No entanto, a acreditar nos voluntários russos a combater pela Ucrânia, através do chamado Corpo de Voluntários Russos (RDK), estes terão capturado 25 militares russos. “A operação militar limitada nas regiões de Belgorod e Kursk continua e aqui está a confirmação: um novo lote de prisioneiros das Forças Armadas russas”, disse o grupo.
Kiev reivindicou ainda um ataque com aeronaves não tripuladas na região de Samara, mais próximo do Cazaquistão do que da Ucrânia. O ataque provocou um incêndio numa refinaria de petróleo pertencente à Rosneft. Também com drones, mas na região ocupada de Zaporíjia, uma assembleia de voto foi atingida. No primeiro dia de votação, uma explosão junto de uma assembleia de voto na localidade de Skadovsk, em Kherson, na margem esquerda do Dniepre, terá ferido cinco soldados russos.
Os ataques também têm decorrido no ciberespaço. As autoridades russas disseram que a infraestrutura eleitoral foi alvo de 90 mil ciberataques só na sexta-feira. Entre os ataques informáticos que Moscovo dizem ser originários da Ucrânia, Europa ocidental e América do Norte, destaque para “dois milhões de votos falsos por segundo” em dado momento.
Mas os ataques não vieram apenas do exterior. Foram registados casos de vandalismo nas assembleias de voto, incluindo um incêndio e várias pessoas a deitarem líquido verde nas urnas, no que será uma homenagem a Alexai Navalny, que em 2017 foi atacado na cara com um desinfetante verde. Os deputados russos já sugeriram leis mais repressivas para punir os sabotadores eleitorais com penas até oito anos de prisão.