Em abril de 1974 estava a viver uma fase feliz. Tinha acabado de vencer com E depois do Adeus (letra de José Niza e música de José Calvário) o Festival da Canção, evento que teve lugar no dia 7 de março, no Teatro Maria Matos, em Lisboa.
Vencer o Festival significava uma boa dose de reconhecimento e muitos concertos garantidos. Preparava-me assim para um verão cheio.
Não que até então fosse um desconhecido. A música era há muito uma das minhas paixões. Em 1963, fora um dos fundadores dos Sheiks, uma banda de rock onde era baterista. Chamavam-nos os Beatles portugueses. Esse projeto de amigos seria interrompido pela minha chamada à tropa (três anos por Espinho, Lisboa e Figueira da Foz, na especialidade de transmissões de infantaria). Mas em 1970, regressara à música e a uma carreira a solo, a convite de Pedro Osório, com Corre Nina. Até lá, não me apercebera da minha voz, confirmada em 1971 com um segundo lugar de Flor sem Tempo.
Porém, não sendo um desconhecido, E depois do Adeus deu um rumo definitivo à minha carreira. Inclusivamente, a nível económico.
Em abril de 1974 vivia numa casa alugada na avenida de Roma, zona bem de uma cidade muito bonita, mais bonita do que é hoje. Solteiro, levantava-me muito tarde, e as tardes eram passadas no Vavá, café icónico das Avenidas Novas, onde paravam grandes nomes da música, do cinema e da cultura daqueles anos.