Guerra Israel - Hamas
26 abril 2024 às 16h27
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Morreu bebé palestiniana salva do útero da mãe moribunda em Gaza

O hospital indicou que a bebé morreu na quinta-feira sem adiantar mais pormenores. O tio da bebé disse que foi buscar o corpo da menina ao hospital esta sexta-feira.

A bebé palestiniana recentemente salva ao ser retirada do útero da mãe agonizante, após um bombardeamento israelita, morreu no hospital de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, informou esta sexta-feira o tio.

O hospital dos Emirados Árabes Unidos (EAU) em Rafah, onde a menina nascida prematuramente estava internada, indicou num comunicado que Sabreen al-Ruh - nome que lhe foi dado pelo tio - morreu na quinta-feira, sem mais pormenores.

"Recebi um telefonema do (...) hospital dos Emirados em Rafah informando-me de que o seu estado se tinha agravado, que não tinham conseguido salvá-la e que ela se tinha juntado à família", morta nesse bombardeamento que atingiu, há cerca de uma semana, a casa familiar, no leste de Rafah, declarou o tio da bebé, Rami al-Sheikh, citado pela agência de notícias francesa AFP.

O tio disse também que foi buscar o corpo da menina ao hospital esta sexta-feira.

"Abri a campa do seu pai, Shukri, e sepultei-a lá, no cemitério Awni Daher, de Rafah", relatou.

"Pela vontade de Alá, estava escrito que Ruh, filha de Sabreen al-Sakani, se juntaria à sua família na eternidade, apesar dos esforços da equipa da unidade neonatal do Hospital do Crescente Vermelho dos Emirados para a salvar na quinta-feira", escreveu o hospital, numa mensagem hoje divulgada.

Sabreen al-Sakani chegou ao hospital em agonia, com ferimentos graves na cabeça e no estômago e a respirar com dificuldade, indicou um cirurgião. Ao examiná-la, as equipas médicas descobriram que estava grávida e decidiram retirar o feto por cesariana.

A mãe morreu alguns minutos depois, ao passo que o pai e a irmã da bebé chegaram mortos ao hospital.

Pelo menos 19 pessoas foram mortas no bombardeamento que atingiu esta casa, segundo o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza.

Segundo a ONU, em Rafah, estão concentradas cerca de 1,5 milhões de pessoas, mais de um milhão das quais deslocadas por mais de seis meses de bombardeamentos e de combates na Faixa de Gaza, território inicialmente com 2,4 milhões de habitantes.

Israel afirma que os últimos batalhões do movimento islamita palestiniano Hamas se agruparam em Rafah e que tenciona efetuar uma ofensiva para os eliminar.

A 07 de outubro do ano passado, combatentes do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) - desde 2007 no poder na Faixa de Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel - realizaram em território israelita um ataque de proporções sem precedentes desde a criação do Estado de Israel, em 1948, matando 1.163 pessoas, na maioria civis.

Fizeram também 250 reféns, cerca de 130 dos quais permanecem em cativeiro e 34 terão entretanto morrido, segundo o mais recente balanço das autoridades israelitas.

Em retaliação, Israel declarou uma guerra para "erradicar" o Hamas, que hoje entrou no 203.º dia, continuando a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, e fez até agora na Faixa de Gaza 34.356 mortos, mais de 77.000 feridos e milhares de desaparecidos presumivelmente soterrados nos escombros, na maioria civis, de acordo com números atualizados das autoridades locais.

O conflito causou também quase dois milhões de deslocados, mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humanitária, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa "situação de fome catastrófica" que está a fazer vítimas - "o número mais elevado alguma vez registado" pela ONU em estudos sobre segurança alimentar no mundo.