Demissão
23 abril 2024 às 16h42
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Filipe Lobo D' Ávila abandona CDS

Antigo secretário de Estado e dirigente centrista afasta-se do partido após 30 anos de militância.

"É um sinal de inconformismo por não me rever no partido, naquilo que ele é hoje, e na sua liderança", afirma, ao DN, o antigo dirigente do CDS.

Filipe Lobo D' Àvila entregou hoje a Nuno Melo, Presidente do partido, e a Pedro Moraes Soares, secretário Geral, a carta de desvinculação ao CDS.

"Nos últimos três anos procurei estar em silêncio quanto à vida partidária e atravessei um longo processo interno de reflexão e enorme ponderação pessoal e familiar, em particular nos últimos dois anos, tendo concluído que a forma como entendo a política, como serviço público, em liberdade, com pensamento, com espírito crítico, com independência, sem subserviências financeiras ou de outra índole, com espírito demissão, mas igualmente com sentimento de pertença e afinidade política a um determinado Partido, não é hoje compatível com a minha militância partidária no CDS", justifica.

Em declarações ao DN, Filipe Lobo D' Àvila sublinha que o CDS perdeu, no seu entender, duas das principais características: "Ser um partido programático, ter propostas que todos reconheciam como sendo do CDS" e ainda "esse traço histórico: um partido de quadros qualificados e reconhecidos que tinham experiência no mercado do trabalho, nas empresas. Hoje já não é assim".

E acrescenta que após 30 anos "sair não é uma decisão tomada com ânimo leve. Ponderei muito e estive em silêncio. Mas nao me revejo naquele que sempre foi o meu Partido. Com naturalidade há que aceitar e seguir em frente…custa naturalmente mas a vida é assim".

Filipe Lobo D' Àvila, que em 2021 se demitiu da direção de Francisco Rodrigues dos Santos - era nessa altura o número dois do partido - , diz agora, na carta enviada à direção de Nuno Melo, que "o passado não faz presente e muito menos futuro. E política podemos fazer em qualquer lado, na nossa vida, no nosso meio, na nossa sociedade. Em liberdade e sem dependências".

Ao DN, o antigo deputado centrista e ex- Secretário de Estado da Administração Interna (entre 2011 e 2014) diz não ter planos para integrar outro partido. 

*com Valentina Marcelino