Portugal há 50 anos
02 março 2024 às 10h01
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O velho problema do aumento de preços

ATA, a Associação Internacional de Transporte Aéreo e teve o aval dos governos da Europa, Médio Oriente e África.

A crise do petróleo e suas diversas consequências globais não é um tema incomum em jornais ao longo da história. O assunto era um dos destaques do DN a 2 de março de 1974, data em que os leitores ficaram a saber de um impacto da tal crise que afetava diretamente no bolso dos viajantes de avião. Os bilhetes aéreos ficariam 7% mais caros a partir daquele dia. Aliás, a mesma notícia tinha sido divulgada em janeiro, no primeiro aumento determinado pelas empresas do setor. Este, portanto, foi o segundo aumento consecutivo das passagens aéreas e a informação estava destacada no título. A subida de 6% anterior foi “insuficiente” e representantes das empresas de aviação estiveram em Genebra para discutir novos preços, já que houve um “agravamento no preço dos combustíveis”. O anúncio foi realizado pela IATA, a Associação Internacional de Transporte Aéreo e teve o aval dos governos da Europa, Médio Oriente e África.

Há cinco décadas viajar de avião acabava de ficar mais caro na Europa, Médio Oriente e África. A justificação foi a crise do petróleo. Do outro lado do Atlântico, a mesma crise causava não só o aumento dos preços, mas também o despedimento de trabalhadores.

Mas certamente não seria a única vez que o tema estaria no DN na altura. A mesma notícia já antecipava que dois aumentos poderiam não ser suficientes para as empresas aéreas, que não deixavam de lado a possibilidade de uma terceira subida de preços nos bilhetes, o que tornaria ainda mais caro viajar de avião na época.

A mesma crise tinha outros efeitos pelo mundo. Nos Estados Unidos, o número de desempregados chegava aos 2,6 milhões. Na altura, o país tinha uma população de aproximadamente 214 milhões de pessoas. Entre o contingente de pessoas sem emprego, 232 mil tinham entrado para a estatística na semana anterior. O jornal descreveu o desemprego como “penúria” e uma consequência direta da crise do petróleo e dos combustíveis. 

Deste contingente, a maior parte era do setor automóvel, um dos mais atingidos. O estado de Michigan é citado como o mais prejudicado pela crise do petróleo, com 114 mil desempregados, todos da indústria automobilística. Até hoje, o Michigan é considerado o maior estado produtor de carros e camiões dos Estados Unidos e um dos mais industrializados. Mesmo assim, não está imune às crises, como aconteceu em janeiro deste ano. Novamente, mais de mil trabalhadores foram demitidos, mas, desta vez, a crise do petróleo não foi citada como a causa.