Ténis
23 março 2024 às 22h58
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Estoril Open de 2025 em risco mas reunião em abril pode ser salvação

Calendário é um problema e ATP preferiu Bucareste, mas procura solução para incluir Portugal. “Se em 11 semanas colocamos um novo Estoril Open de pé, também iremos conseguir mantê-lo”, garante João Zilhão, diretor do torneio.

Para já, o Estoril Open está fora do calendário ATP para 2025 revelado ontem, mas o diretor do torneio acredita que o open português não saírá do circuito no próximo ano. “Prosseguem as diligências para se encontrar a melhor solução e continuarmos a organizar o maior evento tenístico nacional. Dizer mais do que isto, nesta altura, é revelar coisas confidenciais que podem comprometer o processo. Não desistimos. Há algumas possibilidades que serão discutidas na reunião do ATP que se realiza em Madrid, por altura do Masters [22 de abril a 5 de maio]”, disse ao DN João Zilhão, que não se dá por derrotado.

O problema é encontrar datas no calendário e, segundo soube o DN, para se salvar o open português terá de haver uma alteração das datas habituais e até de local. Mas o diretor acredita na resiliência do torneio, que se realiza desde 1990 e que em 2014 também sofreu ameaça idêntica, devido a dificuldades financeiras, antes de mudar de organizador: “Se em 11 semanas colocámos um novo Estoril Open de pé, também iremos conseguir mantê-lo”, garantiu o homem que em 2015 deu início ao Millenium Estoril Open, em colaboração com a 3LOVE, a Câmara Municipal de Cascais e o Clube de Ténis do Estoril.

Em 2025 estão previstos 60 torneios ATP em 29 países: quatro Grand Slams, nove Masters 1000, 16 ATP 500 (mais três do que até agora) e 30 ATP 250, para além das ATP Finals. O Estoril Open perdeu o lugar na primeira semana da época de terra batida europeia para o ATP 250 de Bucareste, organizado pelo homem mais rico da Roménia, o bilionário Ion Tiriac, um torneio idêntico ao português em formato e em prize money (quase 600 mil euros).

Tiriac fez fortuna ao fundar o Tiriac Bank e a comprar licenças para organizar torneios, como Estugarda, Hannover e Madrid e agora Bucareste, que regressa este ano - joga-se de 15 a 21 de abril e conta com o português Nuno Borges - depois de oito anos de ausência e que irá manter-se em 2025 na semana que era do evento português. 

Masters esticados e mais três torneios ATP 500

Ao torneio romeno juntam-se os ATP 250 de Houston (EUA) e Marraquexe (Marrocos) em março de 2025, o que deixa a o mês de abril exclusivamente a cargo de quatro eventos - Masters 1000 Monte Carlo, o ATP 500 de Barcelona, o promovido ATP 500 de Munique e o Masters 1000 de Madrid.

Os Masters do Canadá e Cincinnati passaram do formato de uma semana para 12 dias e Dallas e Doha (além de Munique) juntaram-se à lista dos ATP500 em 2025. Além disso, o ATP 500 de Hamburgo muda de julho para a semana anterior a Roland Garros, que habitualmente fecha a época de terra batida em maio. 

Córdoba, Atlanta, Lyon e Newport saíram do calendário tal como o Estoril Open. A ausência de datas no próximo ano é um revés no futuro do evento português, cuja 10.ª edição começa já a 30 de março e apadrinha a despedida de João Sousa, na esperança que não seja a despedida do próprio Estoril Open.

Algo que a organização e o próprio ATP tentam evitar. “Após muitos anos de uma colaboração de sucesso, a ATP e o torneio continuam a explorar todas as possibilidades para tentar encontrar uma solução para que este conceituado evento se realize em 2025 e depois”, afirmou o organismo em comunicado. E, segundo apurou o DN, caso seja resolvida a questão de 2025, o calendário de 2026 não é problema porque terá mais uma semana de competição.

Tenista que deixaram marca

Roger Federer. Em 2008, o Estoril Open contou com a presença de um dos melhores jogadores da história do ténis: Roger Federer. Na altura com 26 anos, chegou ao evento português como cabeça de série e como número 1 mundial. Um feito da organização de João Lagos na altura. O suíço enfrentou Frederico Gil nos quartos de final e bateu o n.º4 do ranking de 2008, o russo Nikolay Davydenko. Foi um dos melhores torneios de sempre.

Novak Djokovic. Todos se lembrarão dele por entrar em court com a camisola do Benfica. Novak Djokovic, sem dúvida um dos maiores tenistas da história, venceu o Estoril Open 2007, ao derrotar o francês Richard Gasquet (venceu a primeira edição do Estoril Open renovado). Vencer em Portugal lançou o sérvio numa carreira que viria a ser uma das melhores de todos os tempos. Nenhum outro tenista passou tanto tempo como n.º1.

Juan Carlos Ferrero. O espanhol deixou marca em 2001, quando bateu Carlos Moya - número um mundial em 1999 e vencedor do Estoril Open em 2000 - numa das mais emocionantes e bem jogadas finais. Juan Carlos Ferrero chegou a n.º 1 em 2003, ano em que teve de desistir do open português.

Stanislas Wawrinka. No ano passado, quando passavam dez anos da vitória no Jamor, o suíço já com 37 anos, desistiu de jogar em Portugal por não reunir condições para competir. Para a história ficou o triunfo sobre David Ferrer. Chegaria a n.º 3 mundial meio ano depois. 

Stefano Tsitsipas. Era número 10 do ranking mundial quando bateu o jovem Pablo Cuevas na final de 2019. Foi no Clube de Ténis do Estoril que o grego se afirmou com símbolo de uma nova geração de tenista e catapultou a carreira até chegar a n.º 3 mundial. 

João Sousa. Em 2018, João Sousa fez história ao tornar-se o primeiro português a vencer no Estoril. O primeiro e único tenista português a entrar no top 30 do ranking mundial derrotou Frances Tiafoe na final. Este ano regressa para a despedida.