A Quinta dos Ingleses, uma zona de mata em frente à praia de Carcavelos, no concelho de Cascais, tornou-se conhecida pelas pessoas que ali começaram a viver em tendas e roulotes.
Sem rendimentos para arrendar uma casa, por ali moram cerca de 40 pessoas, entre portugueses, brasileiros, cabo-verdianos, angolanos e até uma recém-chegada argentina, que rumou à Europa “para fugir da situação em que está o meu país, que é impossível”, partilha a jovem, Alejandra Fernandez, de 28 anos.
Agora, chegou a hora em que todos terão de abandonar o local. A Quinta dos Ingleses já está a ser entaipada pela empresa Alves Ribeiro, construtora e proprietária do terreno. Por ali irá nascer, em primeiro lugar, um parque verde urbano. Mais tarde, está prevista a construção de 850 apartamentos de luxo, três hotéis e zonas comerciais. “Todos os que lá estão sabem que estão em situação ilegal”, começa por dizer ao DN Carlos Carreiras, presidente da câmara municipal de Cascais. “Não tenho nada para dizer a estas pessoas porque elas sabem a situação em que estão. Tem havido acompanhamento da câmara municipal e de entidades de solidariedade social, que os têm estado a apoiar. Mas todos sabem que a sua situação é completamente ilegal”.
Ao mesmo tempo, Carlos Carreiras não pondera oferecer uma solução de habitação social para este grupo de moradores da Quinta dos Ingleses. “Isso não irá acontecer, senão haveria todos os dias pessoas a vir viver ilegalmente para a zona de Cascais e a ter prioridade em realojamento. Estamos a definir a nossa estratégia local de habitação e há muitos munícipes inscritos para habitação camarária há muito mais tempo”.
Carlos Carreiras acrescenta: “Aliás, dos levantamentos que temos feito no local, a esmagadora maioria das pessoas que ali estão nem sequer são oriundas do concelho de Cascais e chegaram há pouco tempo”.
A primeira construção arrancará em breve. “Primeiro será feita uma obra de fruição pública, que é um parque verde urbano. O plano de urbanização já está em vigor e foi a câmara municipal que o licenciou”. Este parque deverá estar pronto em meados de 2025. Quanto ao resto das obras, deverão arrastar-se por alguns anos. “O prazo em que tem de estar tudo concluído é muito alargado”, conclui o presidente da câmara de Cascais.