"É importante frisar que em 2015, não obstante já termos a lei do aborto em vigor, e depois do referendo, o Governo do PSD e do CDS, na altura era a PAF, enfim era a AD mas tinha outro nome, foi dos primeiros governos do mundo a tomar medidas no sentido de dificultar o acesso ao aborto. Não foi possível reverter a lei, é verdade, mas foram tomadas um conjunto de medidas, que logo a seguir foram revogadas pelo PS”. Esta frase, dita pelo candidato da AD Paulo Núncio, num debate promovido pela Federação Portuguesa pela Vida, foi o suficiente para trazer a interrupção voluntária da gravidez para a campanha.
O embaraço foi evidente. Luís Montenegro teve de vir explicar, depois de Núncio ter dito que “a única forma de revertermos a liberalização da lei do aborto passa por um novo referendo”, que a AD não tinha intenção de mexer na lei. “Nós não temos nenhuma intenção de o fazer, que não seja cumprir a lei, dar às mulheres portuguesas todas as condições para poderem, dentro daquilo que a lei estabelece, tomar a sua decisão, de forma bem informada, de forma planeada, de forma segura do ponto de vista da sua saúde”.