Sociedade
22 abril 2017 às 00h30

Inspeção de saúde investiga contágio de sarampo no Hospital de Cascais

Das 175.993 vacinas contra o sarampo administradas em 2016, dez provocaram reações adversas. Há 21 casos de doença no País

Joana Capucho

Os casos de contágio de sarampo no Hospital de Cascais, onde esteve internada a jovem de 17 anos que morreu vítima da doença, levaram à abertura de um inquérito por parte da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS). Ao DN, a unidade hospitalar diz estar disponível para colaborar.
"Sempre que acontece alguma dúvida sobre procedimentos ou comportamentos, nós atuamos de imediato. Já hoje [ontem] falei com a senhora inspetora-geral das atividades em saúde, que está naturalmente interessada e que tomou o processo em mãos para também lá mais à frente esclarecer as pessoas, os cidadãos, sobre se houve ou não algum procedimento menos adequado", anunciou o ministro da Saúde, à margem da cerimónia que assinalou a colocação de equipamentos de rádio do Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal no Hospital de Santa Maria.
Segundo Adalberto Campos Fernandes, o inquérito foi aberto ontem. Em causa estarão vários casos de sarampo registados no Hospital de Cascais, entre os quais os de profissionais de saúde que terão sido contagiados por uma criança que ali esteve internada e o da jovem de 17 anos que mais tarde acabou por ser transferida para o Hospital Dona Estefânia, onde faleceu.
Numa nota escrita enviada ao DN, o Hospital diz que "estará, como sempre, disponível para colaborar no esclarecimento de qualquer questão, tendo assim oportunidade para demonstrar, como já aconteceu no passado, que segue as melhores práticas clínicas associadas à humanização dos cuidados de saúde prestados à populações de Cascais e Sintra". Destaca que é "periodicamente auditado pela Entidade Pública Contratante" e avança que "faz questão de o ser igualmente por outras entidades nacionais e internacionais reconhecidas na avaliação de unidades de saúde".
Dez reações adversas em 2016
Ao que tudo indica, a adolescente de 17 anos que morreu vítima de complicações do sarampo não estava vacinada contra a doença por ter feito uma alergia grave a uma vacina quando era criança, algo que, de acordo com os dados do Infarmed, não é muito frequente. Em 2016, foram registadas 182 reações adversas em mais de 3.3 milhões de vacinas, no ano anterior 174 em 3.6 milhões de vacinas e em 2014 foram notificadas 192 reações adversas em mais de 4.2 milhões.
No que diz respeito à vacina do sarampo, das 175.993 administradas no ano passado, dez provocaram reações adversas, um número que não tem variado muito nos últimos anos. Em 2015, ano em que foram aplicadas 186.747 vacinas, a autoridade que regula o setor do medicamento recebeu 18 notificações e em 2014 registou apenas 6 em 229.338 vacinas.
Em Portugal, a última atualização indica que foram notificados 46 casos de sarampo, dos quais 21 confirmados e 15 em investigação. O ministro da Saúde disse, ontem, que não há novos casos e apelou à vacinação dos profissionais de saúde. Em Itália, não para de aumentar o número de casos, registando-se, ontem, mais de 1600 doentes. Com Lusa