Imã e cérebro do atentado de Barcelona terá morrido numa explosão na véspera

Imã de Ripoll será uma das pessoas que morreram numa casa em Alcanar
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As autoridades espanholas acreditam que o imã de Ripoll, o homem que dizem ser o cérebro dos atentados que atingiram a Catalunha na semana passada, terá morrido numa explosão na véspera do atentado. "Em Alcanar encontramos os restos humanos de duas pessoas. Tudo leva a crer que o imã de Ripoll estaria entre os mortos", disse esta segunda-feira o chefe dos Mossos d'Esquadra, Josep Lluís Trapero, em conferência de imprensa.

O papel do imã Abdelbaki Es Satty nos atentados de Catalunha ainda está a ser investigado pelas autoridades catalãs, que já dão quase como certa a morte do homem de cerca de 40 anos.

Es Satty era desde 2015 imã em Ripoll, uma localidade rural espanhola com 10 mil habitantes, e está a ser apontado como o cérebro do duplo atentado na Catalunha que fez 15 mortos. Terá morrido na véspera do ataque, numa explosão numa casa na localidade de Alcanar, a cerca de 300 quilómetros de Ripoll, que serviria de base de operações da célula terrorista.

O imã era um homem reservado, "solitário e discreto", segundo vizinhos, entrevistados pelo El País. Não levantava suspeitas, mas poderá ter sido o responsável pela radicalização dos jovens marroquinos que executaram o ataque.

Segundo as autoridades, a célula terrorista planeava "um ou mais" grandes ataques em Barcelona, já que na casa foram encontradas cerca de 120 botijas de gás.

"Não há registo de nenhum delito anterior por terrorismo", continuaram as autoridades catalãs, acrescentando que Es Satty não mantinha contacto com os presidiários que conheceu quando cumpriu pena por um crime relacionado ao tráfico de drogas. O imã esteve quatro anos preso no estabelecimento prisional de Castelló e nessa altura esteve em contacto com alguns dos detidos pelos atentados de 11 de março de 2004, em Madrid.

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As autoridades afirmam que as investigações à casa de Alcanar poderão demorar mais alguns "dias ou semanas". Admitem ter relacionado esta explosão ao atentado duplo devido à presença de acetona na casa, um dos materiais dos "laboratórios de droga", já que não houve nenhuma denúncia.

"Ninguém percebeu nada de estranho, ninguém fez nenhuma denúncia oficial", afirmou Trapero. "É muito difícil perceber quando até para a própria família o que este grupo fez está a ser uma surpresa".

As forças de segurança espanholas encontraram hoje a carrinha do imã na localidade costeira de Sant Carles de la Ràpita, a 15 quilómetros de Alcanar. A localização da carinha reforça a tese de que o imã é uma das pessoas mortas na explosão na casa.

A polícia catalã divulgou hoje retratos de Younes Abouyaaqoub, o marroquino de 22 anos que, acreditam, conduziu a carrinha que matou 13 pessoas nas Ramblas. Entre as vítimas estão duas portuguesas, avó e neta, de 74 e 20 anos.

Há ainda 51 pessoas hospitalizadas, 10 delas em estado crítico e 15 em situação grave

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