14 setembro 2017 às 16h38

Separatistas catalães lançam campanha pelo "sim" no referendo

Os movimentos separatistas catalães lançam à meia-noite de hoje, em Tarragona (Catalunha), a sua campanha pelo "sim" no referendo independentista, numa altura em que se intensifica a pressão jurídica contra a consulta considerada ilegal por Madrid.

Lusa

O presidente da Generalitat (Governo catalão), Carles Puigdemont (direita separatista), o seu vice-presidente, Oriol Junqueras (extrema-esquerda separatista) e outros dirigentes independentistas vão tentar encher com 10.000 pessoas o recinto Tarraco Arena em Tarragona, uma cidade costeira situada 100 km a leste de Barcelona.

O evento irá marcar o início da campanha eleitoral que termina a 29 de setembro, dois dias antes da pretendida realização do referendo sobre a autodeterminação da Catalunha, que já foi considerado ilegal pelo Tribunal Constitucional espanhol.

Esta será a primeira de três ações unitárias dos partidos e entidades independentistas que também irão realizar centenas de ações próprias durante a campanha.

É ainda imprevisível o que vai acontecer durante esta campanha eleitoral numa altura em que se multiplicam as ameaças policiais e jurídicas a todas as ações de preparação do referendo.

Um juiz do Tribunal Administrativo, depois de ter recebido uma queixa do Partido Popular (direita) proibiu terça-feira a realização em Madrid de uma ação de promoção do referendo e ainda é incerto se o ato se vai realizar.

O Ministério Público espanhol anunciou na quarta-feira que estava a investigar 712 autarcas que já ofereceram instalações municipais para a realização do referendo considerado ilegal por Madrid.

A vice-presidente do Governo espanhol considerou hoje "ridículo" que o presidente do executivo da Catalunha voltasse a publicar páginas de Internet sobre o referendo independentista depois de a Justiça ter encerrado a primeira delas.

A direção dos Correios -- o serviço postal público espanhol -- enviou uma circular, através de correio eletrónico, a todos os centros operacionais da Catalunha para lhes comunicar que a empresa "deverá abster-se de realizar a receção de envios, ou levar a cabo qualquer ato" que possa estar relacionado com a consulta popular de 01 de outubro.

A Procuradoria-geral da Catalunha deu no início da corrente semana instruções a todos os corpos de polícia da região para impedirem o referendo de autodeterminação convocado pelo executivo regional.

Estes são alguns exemplos de incidentes que se deverão multiplicar nos próximos dias sem que ainda se saiba como vai evoluir a situação.

O Tribunal Constitucional espanhol já tinha suspendido na semana passada, como medida cautelar, todas as leis regionais aprovadas pelo Parlamento e pelo Governo da Catalunha que davam cobertura legal ao referendo de 01 de outubro.

Os partidos separatistas têm uma maioria de deputados no parlamento regional da Catalunha desde setembro de 2015, o que lhes deu a força necessária, em 2016, para declararem que iriam organizar este ano um referendo sobre a independência, mesmo sem o acordo de Madrid.

Os independentistas defendem que cabe apenas aos catalães a decisão sobre a permanência da região em Espanha, enquanto Madrid se apoia na Constituição do país para insistir que a decisão sobre uma eventual divisão do país tem de ser tomada pela totalidade dos espanhóis.

O conflito entre Madrid e a região mais rica de Espanha, com um PIB superior ao de Portugal, cerca de 7,5 milhões de habitantes, um terço da área de Portugal, uma língua e culturas próprias, arrasta-se há várias décadas.

Tópicos: internacional