24 fevereiro 2011 às 10h00

Irlanda muda de governo mas não de campo ideológico

Um partido de direita por outro do mesmo campo ideológico: este é o resultado mais previsível das eleições de amanhã na Irlanda, que vive a ressaca do fim da bolha imobiliária, da falência do seu sistema bancário e do resgate das suas finanças públicas por parte da União Europeia (UE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI).

DN.pt

"Uma economia destroçada pela bolha imobiliária e a queda dos bancos. Uma dívida que condena à emigração milhares de irlandeses durante uma geração. Uma era de dinheiro fácil e corrupção prestes a culminar com as eleições de amanhã", escreve o jornal espanhol Público, adiantando que a Irlanda continuará a ser governada por um partido da direita: "A mudança será absoluta em termos políticos, mas ideologicamente poucos esperam que o país respire para outro lado. O conservadorismo da Irlanda sobreviverá à pior crise da sua história recente."

Mesmo assim, a mudança será significativa. Desde 1997 que o país é governado pelo Fianna Fáil, o partido responsável pelo desastre económico e que governou a Irlanda durante 54 dos últimos 78 anos. O beneficiado será o Fine Gael, partido com bases na classe média urbana, a mesma que beneficiou com a bolha imobiliária e financeira e que agora mais sofre com o fim da ilusão. Já os trabalhistas foram apontados por algumas sondagens como potenciais vencedores, mas têm vindo a perder terreno e o seu objectivo é agora impedir a maioria absoluta do Fine Gael e entrar para uma coligação governamental.

Enda Kenny, de 59 anos, será o mais que provável primeiro-ministro da Irlanda. Tem como bandeira de campanha o facto de ser vice-presidente do Partido Popular Europeu e de prometer usar a sua influência e a proximidade com a chanceler alemã, Angela Merkel, para renegociar a taxa de juro de 5,8% do empréstimo da UE que salvou os irlandeses da banca rota, de 85 mil milhões de euros. Kenny "não é o primeiro político irlandês que promete um paraíso que só existe na sua imaginação". escreve o Público.

Tópicos: Globo, Europa