02 julho 2009 às 12h48

Kumba Ialá, o homem do "barrete vermelho", tenta regressar à presidência

Lusa

O candidato às presidenciais da Guiné-Bissau Kumba Ialá, 56 anos, conhecido por usar sempre o "barrete vermelho" característico da etnia balanta, tenta regressar à presidência, depois de ter sido deposto num golpe de Estado em 2003.

Antigo militante do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Kumba Ialá entrou em ruptura com o partido em 1990 e funda em 1992 o Partido de Renovação Social, cuja presidência assume até hoje.

Em 1970, para evitar a perseguição da polícia política colonial, foi viver para o Algarve, Portugal, e só regressaria a Bissau em 1981.

Em 1994 foi eleito deputado e em 2000 é eleito Presidente da República numa segunda volta disputada com Malam Bacai Sanhá, candidato do PAIGC, cenário que se repete agora.

Após três anos como chefe de Estado, Kumba Ialá foi deposto num golpe de Estado liderado pelo general Veríssimo Correia Seabra.

Passado dois anos, em 2005, Kumba Ialá volta a ser candidato às eleições presidenciais, mas não chega à segunda volta, que foi disputada entre Malam Bacai Sanhá e o Presidente “Nino” Vieira, assassinado em Março último.

Em 2005, quando fixou residência em Marrocos, Kumba aprendeu árabe o Alcorão

Depois da derrota na primeira volta das presidenciais e de ter anunciado o seu apoio a “Nino” Vieira, Mohamed Kumba Ialá Kodbe Nhanca foi viver para Marrocos, onde aprendeu árabe e estudou o AlCorão, regressando apenas a Bissau para participar na campanha eleitoral das legislativas de 2008.

Em Julho de 2008 regressou novamente ao país para se tornar muçulmano, numa cerimónia em Gabu.

Kumba Ialá, de etnia balanta, nasceu a 15 de Março de 1953, em Bula, norte da Guiné-Bissau e é licenciado em Filosofia pela Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa, em Teologia pela Universidade Católica de Lisboa, e em Direito, pela Faculdade de Direito de Bissau.

A imagem de marca do candidato do PRS é um barrete vermelho, característico dos homens da etnia balanta, que só o podem usar depois de submetidos ao fanado (circuncisão), cerimónia de passagem à idade adulta.Sem este ritual, um homem balanta, mesmo com 50 anos, não é considerado adulto.

No domingo, depois de votar, Kumba Ialá disse aos seus apoiantes que podiam começar a festejar a sua vitória nas eleições presidenciais.

Segundo os dados provisórios divulgados hoje pela CNE guineense, Malam Bacai Sanhá passou à segunda volta com 39,59 por cento dos votos, que vai disputar com Kumba Ialá, que obteve 29,42 por cento.

O candidato Henrique Rosa ficou em terceiro lugar com 24,19 por cento dos votos, tendo já reconhecido quarta-feira a derrota.

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