16 novembro 2010 às 01h00

Investigação polémica da BBC emitida dia 29

Apesar das pressões da federação inglesa, a estação de televisão emite reportagem sobre alegadas irregularidades 72 horas antes do anúncio da candidatura vencedora

CARLOS NOGUEIRA

A BBC vai mesmo emitir uma reportagem de investigação sobre alegadas irregularidades no processo de eleição das candidaturas que vão organizar os Campeonatos do Mundo de futebol de 2018 e 2022. Tal como o DN revelou na edição de sábado, a federação inglesa estava em negociações com aquela estação de televisão para que o trabalho do jornalista Andrew Jennings para o programa Panorama apenas fosse emitido após a decisão dos membros do Comité Executivo da FIFA, marcada para o dia 2 de Dezembro, em Zurique.

Contudo, apesar de ainda não ser oficial, fonte da BBC contactada pelo DN, garantiu que o programa vai ser emitido no dia 29 deste mês, precisamente três dias antes da decisão. A mesma fonte admitiu que "têm existido pressões" para que a reportagem seja, de facto, adiada alegadamente para não prejudicar a candidatura inglesa.

No entanto, a decisão dos responsáveis da BBC está tomada. O DN tentou antecipar o conteúdo da reportagem, mas para a estação de televisão britânica, o segredo é a alma do negócio, pelo que apenas nos foi revelado que o trabalho que está a ser preparado levou "muitas horas" até que fosse possível obter as informações que prometem causar polémica 72 horas antes de os membros do Comité Executivo da FIFA depositarem os seus votos e, dessa forma, escolherem os organizadores dos Mundiais de 2018 e 2022.

O DN conseguiu ainda falar com o Andrew Jennings que, no entanto, não quis prestar quaisquer declarações ou esclarecimentos. "Estou contratualmente obrigado a não falar sobre a FIFA até que o nosso programa seja transmitido", justificou, confirmando no entanto que a emissão está prevista para 29 deste mês.

A candidatura de Portugal e Espanha surge como uma das favoritas à organização do torneio em 2018, a par da Rússia e da Inglaterra, surgindo o projecto liderado por Holanda e Bélgica como o menos mediático.

Depois da polémica recente envolvendo alegadas tentativas de compra de votos de dois membros do Comité Executivo - o nigeriano Amos Adamu e o taitiano Reynald Temarii, que se encontram suspensos - bem como o alegado acordo entre o projecto ibérico e do Qatar para que trocassem votos, de forma a que os asiáticos concorressem apenas ao Campeonato do Mundo de 2022, um novo escândalo promete causar mossa nas candidaturas envolvidas e aumentar as suspeitas em torno dos membros da FIFA. Ainda por cima a poucas horas do anúncio dos vencedores.