28 junho 2017 às 00h01

Campeão europeu procura primeira final a nível mundial

Portugal tenta hoje, frente ao Chile, atingir pela primeira vez uma final sénior de uma prova organizada pela FIFA

Carlos Nogueira, enviado a Kazan

A seleção nacional tem hoje, a partir das 19.00, em Kazan, a oportunidade histórica de alcançar pela primeira vez uma final de uma competição sénior organizada pela FIFA. Vencer o Chile, a seleção bicampeã da Copa América e quarta classificada do ranking, poderá representar um momento de afirmação mundial para a equipa das quinas, que na Taça das Confederações defende o estatuto de campeã da Europa, um título alcançado há quase um ano no Estádio Saint--Denis, frente à França, graças a um golo do improvável Eder.

"Motiva-me alcançar mais um feito histórico para Portugal, que ficará marcado nos nossos corações", afirmou ontem Fernando Santos, numa prova da importância desta competição, que Júnior, antiga estrela brasileira da seleção de 1982, classificou ao DN, antes do jogo com a Rússia, como uma "boa oportunidade para Portugal se consolidar" no âmbito de uma competição da FIFA. É que, até ao momento, Portugal esteve presente nas meias-finais dos Campeonatos do Mundo de 1966 e 2006, das quais saiu derrotado por Inglaterra e França, respetivamente, e à terceira o destino poderá mudar. Embora se trate da Taça das Confederações, é uma competição a que o selecionador nacional dá importância - afinal, na Rússia "estão os campeões de todos os continentes, além do campeão do mundo" -, fazendo sempre questão de mostrar um "grande respeito" pela competição e "vontade" de levar a taça para casa.

A conquista desse objetivo seria na prática o consolidar de um crescimento assinalável da equipa portuguesa, atual oitava classificada do ranking FIFA, que desde o Euro 2000 marcou presença em todas as fases finais, num total de dez consecutivas, tendo desde então chegado a seis meias-finais. Contas feitas, neste século Portugal chegou a duas finais de Campeonatos da Europa, tendo perdido uma em casa diante da Grécia e vencido a outra à França, em Paris.

Meia-final, o jogo maldito

No total, são 13 fases finais de grandes competições de seleções, não contando ainda com esta Taça das Confederações, nas quais a equipa das quinas apenas foi eliminada três vezes na fase de grupos, uma nos oitavos-de-final, duas nos quartos-de-final e cinco nas meias--finais. A estas é preciso juntar uma final perdida e outra ganha.

Portugal é assim uma das seleções europeias com mais meias-finais perdidas na história do futebol, tendo em conta Campeonatos do Mundo, da Europa e Taça das Confederações. Apenas a Alemanha, com nove, e a Holanda, com seis, superam as cinco vezes em que a equipa das quinas caiu na antecâmara da final, tantas quantas a França. Curiosamente, esta sina foi iniciada por Eusébio e companhia logo na primeira fase final em que Portugal participou, o Mundial de 1966. Na altura, as lágrimas do Pantera Negra, após a derrota com a equipa da casa, a Inglaterra, em Wembley, ficaram famosas e marcaram o ponto final na surpreendente caminhada lusa.

Foi preciso esperar 18 anos para que a seleção nacional voltasse a entrar numa grande prova. Na altura, comandados por um genial Fernando Chalana, a queda deu-se novamente nas meias-finais do Europeu de 1984, outra vez perante a equipa da casa, a França, num emocionante jogo em Marselha, que terminou com uma reviravolta gaulesa, de 1-2 para 3-2, nos instantes finais do prolongamento, graças a dois golos de um tal Michel Platini. Aliás, a França, já liderada por Zinedine Zidane, voltou a ser carrasca no Euro 2000, com o médio francês a marcar o golo de ouro no prolongamento, após mais uma reviravolta no marcador, pois Portugal esteve em vantagem graças a um golo de Nuno Gomes.

E, como não há duas sem três, a França voltou a derrubar o sonho da seleção nacional no Mundial 2006... outra vez Zidane como carrasco, fazendo o 1-0 final, num jogo em que só foram necessários, desta vez, 90 minutos. Finalmente, no Euro 2012 a desilusão surgiu no desempate por penáltis diante da Espanha, após um 0-0 no prolongamento.

A história parece ter começado a mudar desde a chegada de Fernando Santos a selecionador, pois logo na primeira fase final não só chegou à final do Euro 2016 como também levou a seleção principal à conquista do primeiro troféu. Agora, é preciso confirmar esta mudança de destino na Taça das Confederações, com um triunfo diante do Chile, frente ao qual Portugal nunca perdeu, para assim atingir a final de domingo em São Petersburgo. "Estamos todos com vontade de jogar e fazer novamente história", disse Adrien Silva.